*Custódio Sumbane
Há quem escolhe um
namorado pelos vestes, ignorando os esfarrapados e esfomeados, os ricos por
dentro. Há quem ignora os pobres pensando que a sua vida se resume em fracasso
eterno. Há quem julga os outros pela máscara (aparência) pensando que o seu
mundo se deduz no agora. Choram as que deixaram aquele homem pobre e
esfarrapado, mendigo e catador de lixo, sem casa e nem comida, humilhado e
apedrejado, mas que se tornou modelo de si e do mundo. Choram mulheres que lhe
consideraram pobre coitado, mas que tinha um sonho invisível, para muitos, mas
que abrandava nas zonas longínquas da sua alma.
O homem nunca sonha no
aqui e no agora, às vezes acontece, por mais que esteja em situações
extremamente difíceis da vida; por mais que seja o mais pobre da comunidade;
por mais que seja abandonado, humilhado, apedrejado e mal visto, mendigando ou
mesmo em estado de tolice. Há sempre uma esperança, no meio das trevas, em um
dia reeditar o maior livro da sua vida, a sua história. A título de exemplo Cícero,
o ex-catador de lixo no brasil, se tornou em médico após ser mestre da rua e do
sofrimento. Este é um exemplo de superação.
As pessoas geralmente
consideram e valorizam aqueles que tem carro de marca, mas vivendo de
aparências, casa melhorada, mas fruto de trabalho ilícito, relógio luxuoso, mas
roubado, e vida de branco, mas escravos de si mesmos e maiores infelizes do
planeta. Diante disso, há quem diz que se trata de esperteza, inteligência e
sabedoria.
Mas a inteligência e sabedoria humana reside no facto de fazer
escolhas certas, brilhantes e comoventes. E a sabedoria em fazer uma
introspecção (autoanálise ou avaliação) de si e do mundo, e escolhas acertadas
independentemente da condição sociocultural, histórica e financeira da pessoa.
O inteligente convive com pessoas da sua classe social e, o sábio lida com
todos sem descriminação da idade, raça ou nível de escolaridade. Enquanto o
inteligente pensa de forma inteligente e fala inteligentemente soltando
vocábulos de difícil compreensão, o sábio pensa como uma pessoa sábia e fala
como uma pessoa simples.
Portanto, deve ser
dito de forma categórica que, o homem é imensurável e imprevisível. Nunca se
deve julgar o livro pela capa; a pessoa pela aparência; a quantidade da água
pelo formato do recipiente; a resistência do edifício pela sua robustez; a
bondade pelo riso; a riqueza pelo carro de marca ou luxuoso, etc. O homem é
mais que uma simples aparência, e vale muito além daquilo que nós pensamos e
imaginamos. Ele é a verdadeira máquina capaz de mudar a sua direcção de vida,
de mendigo para médico, de menino de rua para presidente de uma nação.
Valorizar o outro sem se interessar da sua condição é a maior riqueza que um
homem pode ter.
*Psicólogo