A Manutenção da Paz em Moçambique
*Custódio
Sumbane
A
Paz é resultado da tolerância, paciência e respeito pelas diferenças. A história
nos mostra que a busca pela Paz é inerente ao ser humano, (Ferreira et al,
2006: 3). Recuando para a idade remota encontra-se que a destruição do mundo e dos
direitos humanos como forma de mostrar o poder ou atitude de superioridade e descriminação
com relação aos outros.
No
holocausto judeu, por exemplo, mais de um milhão de crianças e adolescentes
morreram. Choravam, gritavam, sentiam dores, frio e fome mas ninguém as
socorria. Foram colocadas num depósito humano, pior
do que uma pocilga. Não podiam andar nas ruas,
comprar, ter amigos, ter carinho de seus pais e ir para a escola. Neste caso,
os direitos humanos foram destruídos, Cury (2002:98-99).
Este
cenário não se difere tanto das crianças moçambicanas que são aprisionadas o
território da sua emoção (o alicerce da felicidade) e invadidas nas suas próprias
casas como se fossem pássaros na machamba. São obrigadas a passar noites nas
matas com animais perigosos que colocam, de algum modo, em risco a sua vida. Contudo,
pode se dizer que as guerras são resultados da intolerância, impaciência, e a
falta de respeito pelas diferenças que fazem com que milhares de crianças,
adolescentes, adultos e velhos deixem de gozar dos verdes solos prometidos na
terra.
Entretanto,
é de suma importância invocar Santana, (2012:5),
para nos trazer alguns episódios ocorridos na história da humanidade, resultados
da intolerância. Neste caso, está-se a falar do Nazismo instaurado pelo ditador
Adolfo Hitler (Holocausto Judeu); A destruição de Hiroshima e Nagasaki (Japão),
no episódio da Segunda Guerra Mundial; o Apartheid (África do Sul); A
colonização indígena; A escravidão negra, que perdurou décadas e tantas outras
atrocidades acometidas contra grupos humanos e hoje a Tensão Político-Militar (Moçambique).
Essas violências foram e são, antes de tudo, consequência da intolerância com
os grupos que manifestavam suas diferenças ao padrão de igualdade estabelecido
por camadas mantedoras do poder.
Será
que dentro destas guerras se teve em consideração a Declaração Universal dos
Direitos Humanos aprovada a 10 de Dezembro de 1948 pela Organização das Nações
Unidas (ONU)?
Contudo,
deve se prestar muita atenção com a infância, pois é nesta fase onde se
constrói a personalidade do indivíduo, se desenvolve a autonomia, a
socialização, a moralidade, o saber ser, saber estar e lidar com os outros. E, igualmente,
determina-se a personalidade do indivíduo, ou seja, todos os aspectos segundo
Freud, vivenciados nesta fase (infância) determinam a personalidade da criança.
Sendo assim, é preciso ter muita atenção ou cuidado com esta fase, visto que as
crianças aprendem através da observação e imitação de modelos (pais,
professores, tios, irmãos, amigos, enfim).
Sendo
assim, vale apena recordar um dos mais importantes Líderes do Movimento dos
Direitos Civis dos Negros nos Estados Unidos, e no Mundo, Marthin Luther King
Jr. (1929-1968), quando dizia: “O que me preocupa não é o grito dos maus, dos indivíduos
sem carácter mas sim o silêncio dos bons”. Aliado a este pensamento diria
que a minha grande e maior preocupação são as “crianças”, que choram mas ninguém as ouve, que suplicam mas ninguém
as socorre, que falam mas ninguém as percebe. São seres consideradas
irresponsáveis, pequenos em altura e idade, vistas como seres que não pensam,
não percebem e sem sentimentos. Que situação triste! Daí são aterrorizadas os
solos da sua emoção como quem não é digno de respeito. Vale ainda realçar que as
guerras causam traumas nas crianças, desenvolvem um espírito de guerra e não de
ajuda ao próximo. Constrói uma personalidade com
atitudes desumanas; Desenvolve indivíduos com perturbações de conduta, enfim.
Para
fundamentar as ideias anteriormente ditas, poder-se-ia focalizar os resultados encontrados
nas pesquisas realizadas pela Associação
Reconstruindo a Esperança (1994-2002 e 2003-2007) e Instituto de
Psicotraumatologia de Moçambique, com Ex-Crianças
Soldados instrumentalizadas pelas forças beligerantes durante a guerra dos
16 anos (1976-1992), que teve lugar em Moçambique. Das investigações realizadas
pela ARES e pelo IPM constataram-se nas crianças e jovens os seguintes
distúrbios no domínio psicológico:




Contudo,
depois das várias atrocidades cometidas e dos distúrbios causados nas ex-crianças
soldados, é de extrema importância invocar Marthin Luther King Jr. (1929-1968),
para nos situar das suas belíssimas palavras: Se um homem não tem algo na qual morreria não merece viver. Esta é
a grande questão que se coloca a todos e em especial aos estudantes. Será que vós
têm algo na qual preferiria deixar a vossa vida por ela? Antes de responder a
esta questão significa que “não merecem
viver”, segundo o libertador dos negros americanos e do mundo, que sempre
se preocupou pela igualdade e a não-violência (Marthin Luther King).
Entretanto,
este é o desafio que se coloca à Educação especialmente as Universidades de
formar estudantes cientistas, capazes de ver o mundo numa outra perspectiva.
Indivíduos activos na arte de pensar. Que se preocupam com o mundo e não
consigo mesmos. Indivíduos que fazem a diferença em várias perspectivas. Em
suma, indivíduos revolucionários.
Portanto,
a tolerância, reciprocidade e solidariedade, cooperação, força de vontade,
autonomia e coerência, capacidade de se colocar no lugar do outro, de dialogar,
de conversar são valores essenciais para se tecer a paz, (Ferreira et al, 2006:
3-4).
*Licenciando em
Psicologia Educacional
2014
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