sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O Terapeuta no Processo de Aconselhamento Psicológico

Custódio Sumbane (*)
                                                           Data: 31. 10. 2014
Maputo
Resumo
Este artigo visa o estudo do Aconselhamento Psicológico e a Actuação do Terapeuta perante uma situação de aconselhamento. Assim sendo, pode se dizer, em primeiro lugar, que o aconselhamento psicológico é uma área de saber e de intervenção que visa adoptar o indivíduo de autoconhecimento e de suas fraquezas. Só tendo autoconhecimento e domínio das suas fraquezas que é possível ter um olhar diferente com relação ao mundo e accionar mecanismos de resolução de problemas que a envolve. No dia-a-dia, o homem tem-se deparado com tipologias comportamentais que corrompem, de certa forma, “o território da sua emoção” podendo assim bloquear o curso normal das suas actividades. Entretanto, o aconselhamento psicológico é importante porque ajuda na resolução de problemas, no processo de tomada de decisões, no confronto com crises pessoais, na melhoria das relações interpessoais, na promoção do autoconhecimento e da autonomia pessoal, no caráter psicológico da intervenção centrada em sentimentos, pensamentos, percepções e conflitos e a facilitação da transformação comportamental, (Meireles 2008). Esse entendimento se baseia, efectivamente, nas etapas do processo de mudança de comportamento, pois  a ideia mãe ou chave é a garantia da mudança de comportamento através de manter o novo comportamento a longo prazo,criar grupos de suporte, explicar os membros da família para saber como lidar com a situação, enfim.

Palavras-chave: Aconselhamento psicológico, empatia, escuta activa.

summary
This article aims to study the Counseling Psychology and Performance Therapist before a counseling situation. Thus, we can say, first, that psychological counseling is an area of knowledge and intervention that aims to introduce the individual self and its weaknesses. Only with self-knowledge and mastery of your weaknesses you can have a different look toward the world and trigger mechanisms for solving problems that involves. Day-to-day, man has been confronted with behavioral typologies that corrupt somehow, "the territory of his emotion" and thus can block the normal course of their activities. However, psychological counseling is important because it helps in solving problems, in the decision-making process, in comparison with personal crises, improve interpersonal relationships, promote self-knowledge and personal autonomy, the psychological character of the intervention focused on feelings thoughts, perceptions and conflicts and facilitation of behavioral change, (Meireles 2008). This understanding is based, indeed, on the stages of behavior change process, as the mother or key idea is to guarantee behavior change by maintaining the new behavior long term, creating support groups, explain to family members know how to handle the situation, anyway.


Keywords: Psychological counseling, empathy, active listening.


Introdução

Neste artigo pretende abordar assuntos relativos a Actuação do Terapeuta no Processo de Aconselhamento Psicológico. O atendimento e aconselhamento psicológico é de extrema importância nas nossas vidas, pois ajuda-nos na resolução de problemas, no processo de tomada de decisões, no confronto com crises pessoais, na melhoria das relações interpessoais, na promoção do auto-conhecimento e da autonomia pessoal, no caráter psicológico da intervenção centrada na esfera integral da personalidade e conflitos e a facilitação da transformação comportamental. É dentro do aconselhamento psicológico que podemos desvendar a nossa esfera emocional, psicológica, social, fisiológica até educativa. Portanto, para uma melhor compreensão dos aspectos patentes no corpo deste artigo passar-se-á a citar  alguns tópicos, à saber: Orientação, Aconselhamento e Psicoterapia; Necessidade do Aconselhamento Psicológico; Importância do Aconselhamento Psicológico; Processos de Aconselhamento e Modalidades de Intervenção; Princípios Básicos do Aconselhamento; Entrevista Psicológica ou Inicial; Passos de Aconselhamento Psicológicos; Análise Crítica dos Conteúdos Leccionados; Discussão e Conclusão.

Orientação, Aconselhamento e Psicoterapia

Um dos aspectos chaves do Aconselhamento Psicológico é a facilitação do conhecimento. Isto quer nos fazer entender que o terapeuta abre as balizas no sentido de mostrar todos os caminhos possíveis para a resolução do problema e diz na sua opinião que de todas as formas mencionadas, a mais rápida é a forma X ou Y. Entretanto, cabe ao cliente escolher o caminho certo, ou seja, o caminho que a levará ao destino de forma satisfatória. O aconselhamento tem sido levado a cabo para doptar o indivíduo de autoconhecimento e de suas fraquezas. Só tendo autoconhecimento e domínio das suas fraquezas que é possível ter um olhar diferente com relação ao mundo e accionar mecanismos de resolução de problemas que a envolve. E já dizia Nunes (1999), citado por Zanardi, (2010:12), que a autodescoberta da pessoa com os seus próprios recursos e potencialidades, irá permitir que ele adquira uma maior confiança em si próprio, e logicamente um aumento da autonomia, com maior empenho e responsabilidade pelas suas decisões.

 Entretanto, toda intervenção psicológica deve respeitar certos factores tais como sentimentos, pensamentos, percepção e emoção. Desta feita, é de extrema importância ter em consideração os factores básicos, pois a nossa intervenção pode garantir a manutenção, equilíbrio ou agravação da situação dependendo da forma como o terapeuta domina as esferas anteriormente referenciadas.
Há um aspecto bastante importante que deve-se ter em consideração. Está-se a falar de aconselhamento e dar conselhos. Há, de facto, uma diferença extrema, pois aconselhar na perspectiva de Trindade, (2008: 3) não é dar conselhos. Aconselhar não é fazer exortações nem encorajar ou prescrever condutas que devem ser seguidas, mas sim ajudar ao sujeito a compreender-se a si próprio e à situação em que se encontra e ajudá-lo a melhorar a sua capacidade de tomar decisões.

Necessidade do Aconselhamento Psicológico

O Aconselhamento Psicológico é necessário porque estabelece uma relação intrínseca entre o comportamento, a saúde e a doença. Para uma melhor compreensão desta ligação trar-se-á um exemplo tal como: Um indivíduo que não se sente doente (doença), nunca melhora (saúde), e automaticamente continuará na mesma posição inicial de não seguir a recomendação médica (comportamento). Para além da ligação dos aspectos anteriormnetente citados é necessário saber que o comportamento é um fenómeno bastante complexo, não podendo recorrer somente um e único método como o biomédico (caso dos Psiquiatras), pois este pode não resolver mas apenas atenuar o problema por alguns instantes. Por fim, vale enfatizar que o aconselhamento psicológico é necessário para responder as necessidades psicológicas dos utentes. Neste caso, procura-se explicar as causas da doença e dar entender para a não manifestação contínua ou repetição do mesmo.

Importância do Aconselhamento Psicológico

O aconselhamento é importante porque ajuda na resolução de problemas, no processo de tomada de decisões, no confronto com crises pessoais, na melhoria das relações interpessoais, na promoção do autoconhecimento e da autonomia pessoal, no caráter psicológico da intervenção centrada em sentimentos, pensamentos, percepções e conflitos e a facilitação da transformação comportamental, (Meireles 2008). Esse entendimento se baseia, efectivamente, nas etapas do processo de mudança de comportamento, pois  a ideia mãe ou chave é a garantia da mudança de comportamento através de manter o novo comportamento a longo prazo, criar grupos de suporte, explicar os membros da família para saber como lidar com a situação, enfim.

Processos de Aconselhamento e Modalidades de Intervenção

Um dos passos bastante importante no processo de aconselhamento psicológico é o estabelecimento de uma aliança terapêutica com o cliente ou utente. O terapêuta, neste caso, deve estabelecer um vínculo bastante forte, pois parte-se de um pressuposto básico de que ninguém se abre enquanto não se sente segura. Desta feita, é necessário que o terapeuta crie um ambiente ou um clima favorável onde o utente se sentirá a vontade. Deve mostrar, de certa forma, ao cliente que para além de ser especialista é um amigo onde pode se compartilhar as preocupações com ele. O terapeuta deve, sobretudo desenvolver um clima de confiança.
E para que o psicólogo tenha sucesso no exercício das suas funções de trabalho ele, deve estar vestido de certas qualidades como é o caso da empatia, a escuta clinica ou activa e a reflexão. Esses aspectos são de extrema importância, pois é executá-los que poder-se-á desvendar ou entender o valor ou o peso que o problema tem. Por exemplo, na escuta activa pode se controlar a voz (a tonalidade da voz), a expressão facial e os movimentos físicos (os tiques ou a mimica). A empatia ajuda o terapeuta a colocar-se no lugar do utente, ou seja, a olhar o problema como se fosse dele. Mas muita atenção com esta terminologia, pois é demasiadamente diferente com a simpatia. Depois de executar ou por em prática a escuta clinica ou activa e a empatia, é necessário reflectir sobre o número de sessões necessárias e o tipo de terapia a envolver nesse processo.
Portanto, depois de tudo nunca é mau procurar saber do cliente sobre o nível de gravidade em que o problema actua na sua vida. Das causas do problema actual e ainda a expectativa que o utente tem sobre o tratamento. Pode se procurar também desvendar as tentativas feitas anteriormente antes da consulta.
Princípios Básicos do Aconselhamento

O Aconselhamento passa por três fases bastante essenciais à saber: A exploração do problema, nova compreensão do problema e acção. Esses aspectos são cruciais para a ocorrência de um aconselhamento psicológico. Na exploração do problema, por exemplo, o terapeuta deve caracterizar e identificar o problema ou a preocupação específica do ponto de vista do utente. Deve se explorar o problema abarcando, desta forma, todas as esferas ou camadas a sua volta. Isto significa que o terapeuta deve se informar na sua íntegra sobre o utente, a sua família, a sociedade, a escola, religião, a educação familiar, o tipo de amigos que tem, as doenças crónicas que já teve, o apoio que procurou e a situação actual.
No caso da nova compreensão do problema, o terapeuta ajuda o utente a encarrar o problema de um outro ponto de vista. Tenta-se nesta fase fazer entender ao cliente o que realmente está acontecer, ou seja, tirar o cliente de um ponto para o outro. E por fim, na acção o terapeuta unge o cliente de todas as bases de sustentação para a resolução do seu problema. E procura mostrar que na vida há dois lados (o lado bom e o lado mau), devendo desta forma saber viver dentro destas circunstâncias.

Entrevista Psicológica ou Inicial

A primeira entrevista é bastante marcante tanto para o terapeuta como para o cliente. É nesta fase onde os psicólogos principiantes se sentem confusos e desorientados diante de dificuldades. Os clientes por sua vez, se mostram acanhados e com medo de se abrir. Entretanto, a entrevista inicial necessita de domínio de algumas habilidades como o estabelecimento de um clima de confiança a fim de que o utente se comunique a vontade. E o segundo passo que o terapeuta deve ter em conta é colecção de informações precisas sobre o problema em causa de modo que possa fornecer ao utente ferramentas certas de acordo com o problema certo. Nesta primeira fase de contacto com o cliente nunca deve querer explorar tudo de uma vez. Deve fazer as coisas de forma sequenciada ou em sessões. Nunca responder a todas as perguntas do utente porque toda a pergunta 50 % da resposta está lá. Logo, antes de mais procure saber do utente acerca do seu ponto de vista com relação à pergunta porque pode, se calhar, ter uma resposta melhor que a do terapeuta.

Contudo, na mesma linha do pensamento Mwamwenda, (2004: 338), advoga que quando o orientador se encontra com o cliente pela primeira vez, é importante que se faça o cliente sentir se relaxado e à vontade com o orientador. O orientador não necessita de dominar a conversa, mas deve dar espaço ao cliente para que possa expressar os seus pontos de vista que lhe permitirão expressar-se a si mesmo. É da responsabilidade do orientador relacionar aquilo que o cliente está a pensar ou a sentir, e a forma como se está a comportar.
No decurso ou no desenvolvimento da entrevista inicial é necessário usar terminologias inteligíveis tais como em que posso ajudar. Sendo assim, o cliente vai debruçar dos seus problemas. E quando se trata de assuntos demasiadamente chocantes, os utentes tem usado um mecanismo de defesa, projecção, onde saem do epicentro e começam a falar de outros problemas não relacionados. Desta forma, é preciso que o terapeuta use a sua inteligência multifocal, na tentativa de compreender as manobras que os utentes usam para se defender. E no caso de haver necessidade de trocar de conversa ou quando vê que o assunto já foi explorado o suficiente pode se expressar da seguinte maneira, “além de conhecer detalhes sobre a área problemática gostaria de saber alguma coisa sobre a sua situação actual”. Esta forma nos ajuda a mudar do assunto sem causar transtornos ou ferir sensibilidades. Portanto, vale enfatizar que os três momentos de aconselhamento (escuta activa, empatia e a reflexão) são também validas neste processo.

Passos de Aconselhamento Psicológicos
1º-Anamnese.
É aqui onde deve-se procurar saber da identificação do utente, ou seja, do nome, idade, morada, profissão, habilitação literária, religião, estado civil, vícios. E o problema deve ser estruturado sob forma de Árvore Genealógica.
2º-Exploração dos antecedentes patológicos.
Procurara saber sobre o estado de saúde anterior da sua família mais precisamente das doenças crónicas como diabetes, hipertensão, tuberculoses, enfim.
3º-Antecedentes patológicos pessoais;
4º-História da doença actual e “O que posso ajudar”; e 5º Nova compreensão do problema.
Para Trindade (2008: 7), o aconselhamento pode ser levada em conta tendo como base diversas perspectivas teóricas do aconselhamento psicológico como as psicodinâmicas, humanistas, cognitivo-comportamentais, fenomenológico-existenciais, feministas, construtivistas e sistémicas.

Análise Crítica dos Conteúdos Leccionados

A maior critica que se faz com relação ao conteúdo aprendido é o facto de ela ter sido elaborado tendo em conta uma determinada área do saber, especificamente a área da saúde ou clinica. Neste caso, as abordagens usadas eram clinicas e não educacionais, o que pode nos trazer um impacto no processo de aplicação do mesmo na área educacional.

Discussão e Conclusão

Depois de várias abordagens feitas no decurso deste artigo chega-se a conclusão de que o terapeuta deve estar doptado de uma base científica sólida para garantir uma firmeza no processo de atendimento e aconselhamento psicológico. Contudo, no dia-a-dia tem-se vivenciado dilemas que atormentam o nosso estado emocional, social, fisiológico até educativo podendo, de alguma forma, colocar em causa o curso normal das nossas actividades. Éis a razão de se ter em conta a questão do atendimento e aconselhamento psicológico como parte integrante da nossa humana.

Referencias Bibliográficas

  • MWAMWENDA, T. S. Psicologia Educacional, Uma Perspectiva Africana. Maputo: Texto Editores, 2004.
  • TRINDADE, Isabel, TEIXEIRA, José A. Carvalho, Aconselhamento psicológico em contextos de saúde e doença-Intervenção privilegiada em psicologia da saúde. Lisboa1, 2000.
  • ZANARDI, Hálisson, Aplicação do aconselhamento psicológico da abordagem centrada na pessoa na prática do aconselhamento pastoral cristão. Criciúma, 2010.
  • MEIRELES, Jacqueline, Aconselhamento Psicológico, 2008>Disponível em http://www.psicologiaemanalise.com.br/2008/12/aconselhamentopsicologico.html>Acesso em: 31.10.2014 às 22:42.

                                                     Estudante de Psicologia