quarta-feira, 23 de julho de 2014

Comportamentos Anti-Sociais e Desumanas


Custódio Sumbane
Afinal de contas o que é que diferencia o ser humano dos restantes animais? Uma das coisas é o facto de o homem ser racional e os animais serem irracionais. O homem consegue distinguir o certo do errado e o bem do mal. Sendo assim, será que no processo da tomada de decisão, já tentamos ser empáticos (nos colocarmos no lugar dos outros)? Já paramos para analisar as consequências que podem advir antes de pôr em prática as nossas acções? Será que temos utilizado e valorizado o ditado que diz “Não faça aos outros o que não gostaria de ser feito?” Será que já paramos para pensar que ninguém decide pela nossa vida, muito menos pela vida de outrem? Será que seguimos as ideias de Todo Poderoso (Deus), quando certa vez disse “A partir de agora viverás a custa do teu suor”? Será que já paramos para pensar na ideia de que todos temos direito à vida?
Estas inquietações, vão em especial aos que praticam actos desumanos, que agem sem pensar e ainda os que tem tendências a desenvolver atitudes social e juridicamente inadmissíveis (matar). Com isto, quero dizer que, antes de executar o crime ou qualquer que seja acto anti-social, responda primeiro as perguntas supracitadas que vão, de alguma forma, ajudar a encontrar um meio-termo para o seu problema.
Mais uma atitude desumana Trafego de Órgãos Humanos que aterroriza e aprisiona os “solos da minha alma” (a base da minha felicidade) em particular, depois do estuprador de 13 menores. Trata-se de três supostos jovens que espancam mortalmente um homem recorrente a uma arma branca (catana) e tiram os órgãos genitais e o centro das emoções (coração), com o propósito de fazer negócio na terra do RAND (vizinha África do Sul). Eles alegavam serem pobres e sem condições. Os órgãos genitais masculinos e o coração estavam na pasta embrulhados de plástico preto e encontrados em flagrante pela Polícia da República de Moçambique. Que situação triste!
Agora pergunto! Será que tirar a vida o outro seria a forma mais ideal para ganhar dinheiro? E para além desta via por que é que não podemos, se calhar usar as outras vias como polir carros nas avenidas, que os outros nossos irmãos fazem como meio alternativo para ganhar dinheiro? Embora seja proibido pelo município.
É mais preferível ser pescador, caçador, agricultor, guarda, jardineiro, fotógrafo, vendedor ambulante, polidor de carros e biscateiro do que ser sacrificador de outros seres humanos iguais a si. Veja que, cada um desses profissionais trazem consigo um peixe, uma mandioca e 1 kg de arroz como forma de garantir o bem-estar de si e da sua família, embora não seja algo tão fácil como parece.
Entretanto, as minhas palavras são de repúdio a essas atitudes e de apelo a todos os meus queridos irmãos, pais, tios, avôs, enfim, que praticam actos desumanos que, a violência neste caso (matar) não é a solução do problema (pobreza) mas, sim é preciso dialogo (trabalhar), independentemente do tipo de diálogo (serviço ou trabalho) para superar as dificuldades que enfrentamos no nosso dia-a-dia.

Licenciando em Psicologia

custodiosumbane@gmail.com
  
Maputo, 2014 


Causas de Comportamentos Sociais
1.     Que tipo de personalidade se pode desenvolver dentro dum ambiente hostil ou de guerra?
1.1.Caso de dois colegas que contaram uma situação triste de duas crianças que queriam matar os seus próprios membros
Maputo, 2014

*Custódio Sumbane

O que é uma criança? Segundo o Primeiro Presidente de Moçambique Independente Samora Moisés Machel, a criança é uma flor que nunca murcha e é dela que o país depende. Isto quer nos fazer entender que a criança é um ser muito precioso que precisa de cuidados, atenção, respeito, consideração, direito à protecção, direito à vida, direito à educação, ao ambiente e ainda direito à preservação dos seus direitos. Portanto, há necessidade de todos olharmos para a criança como uma jóia que por si só existe onde o homem descobre, lapida e torna-a brilhante e apreciável.
Partindo desse pressuposto básico, pode-se dizer que a criança é actor ou activo no processo do seu próprio desenvolvimento precisando de um ambiente favorável para que esse desenvolvimento ocorra conforme necessário. Suponhamos que a criança não é proporcionada o ambiente favorável, ou seja, vive num ambiente hostil ou de guerra. Que tipo de personalidade se espera?
Segundo Freud, Pai da Psicanálise, diz que todos os aspectos vivenciados na infância e na adolescência determinam a personalidade do indivíduo, ou seja, o que um adulto é hoje é resultado das vivências da infância e da adolescência. Em outras palavras isto quer dizer que se uma criança vive ou é educada em ambiente hostil, de guerra, agressiva, de terror, ou vivencia situações criadoras de pânico e trauma ela pode se tornar em adulto vingador, terrorista, agressivo, criador de pânico e provocador de situações traumatizantes para com os outros porque para ela essas atitudes são normais e humanas.
Nessa ordem de ideia acaba se concretizando as ideias de Estanqueiro (1992), quando diz que agressão gera agressão. Imaginemos uma dessas crianças desempenhando o cargo por exemplo de Chefe do Estado de um país, a vida será guerra para toda a eternidade. Estanqueiro (1992), advoga ainda que as crianças aprendem por observação e imitação. Elas observam o comportamento dos superiores ou modelos como pais, professores, pessoas admiradas, chefe de estado, situações que vivenciam nas redes sociais e subsequentemente poem em prática. O mesmo autor continua dizendo que quem é educada de forma agressiva provavelmente no futuro poderá ser agressivo.
Portanto, as causas do comportamento das duas crianças pode ser resultado dos aspectos acima citados mas por outro lado se pode dizer que essas crianças, como se sentem menor em idade e sem capacidade de confrontar verbal ou fisicamente a fonte perturbador procuram uma via alternativa de modo que possam se safar do sufoco recorrendo neste caso à armas como mecanismo de defesa.
São crianças que sentem os solos da sua emoção invadida e sem meios de abrir as janelas da sua memória para resgatar o seu eu. E uma das formas de resolver esta situação seria a eliminação da fonte, ou seja, matar. Portanto, este é de facto, um caso bastante triste e que precisa de uma intervenção rápida e adequada pois caso não os danos podem ser graves.

*Licenciando em Psicologia Educacional
custodiosumbane@gmail.com



Como Lidar com Comportamentos Sociais


*Custódio Sumbane

Na perspectiva de Sumbane (2014) citado por Jornal Notícias publicado em 10 de Maio de (2014:13), quando se fala de comportamentos sociais está-se a falar concretamente de frustração, agressão, apatia, depressão, conflitos, ansiedade entre outros. Sendo assim, pode se dizer que, o homem é sem dúvidas susceptível dessas tipologias comportamentais, isto é, independentemente da raça, do grupo étnico, do estilo de aprendizagem, dos valores, das crenças, dos hábitos, do quociente de inteligência até da religião, carregamos connosco, essas descargas comportamentais. Todavia, em Psicologia diz-se que todo o comportamento tem uma causa Com isso quer se dizer que todos os aspectos ou comportamentos observados no país e no mundo-fora tem as suas causas, Sumbane (2014:13). Contudo, olhando para a questão em causa, como lidar na verdade com estas situações, visto que bloqueiam o curso normal das nossas actividades e desejos, desencadeando em algum momento tragédias nos solos da emoção e no anfiteatro da nossa memória?
Há vários psicólogos, psiquiatras, médicos, pedagogos, executivos, engenheiros, geólogos, sociólogos, filósofos, escritores, cientistas, historiadores entre outros, com alto nível académico e alguns com grau de moralidade bastante elevado, ou seja, que sabem distinguir o bem do mal e o certo do errado, mas que não sabem educar os solos da sua emoção, isto é, ficam aprisionados nos becos da sua memória e sem conseguir abrir as janelas da mesma para resgatar a sua identidade. Isso acontece quando estão perante situações de frustração, depressão, ansiedade, conflitos, apatia entre outros.
Não é uma tarefa fácil educar os solos da emoção, mas é possível dependendo da maturidade emocional de cada indivíduo e a sua capacidade de controlo. Cury, (2004:68), dá-nos exemplo de um dos maiores sonhadores de todos os tempos, “Abraham Lincoln”. Segundo este autor, “Abraham Lincoln” teve todos os motivos para abandonar seus sonhos, mas, apesar de todas as lágrimas e das incontáveis frustrações, jamais desistiu deles”. Conseguiu insistir e persistir depois de muitas contestações e inúmeras perdas nas eleições presidenciais dos Estados Unidos de América. Porém, ele apenas zombou do próprio medo, transformou a insegurança em ousadia, a humilhação em lágrimas que lapidaram sua personalidade, as lágrimas em gemas preciosas no território da emoção, (Cury, 2004:68). Conseguiu transformar os obstáculos em vitórias. Portanto, vale apena se inspirar em grandes modelos no mundo de perdas e frustrações para sairmos da prisão da emoção. Isto quer dizer que ao sentir-se frustrado, o indivíduo poderá também reagir construtivamente, através de um esforço intensificado para vencer o obstáculo e alcançar o objectivo, ou poderá também tentar novos caminhos que poderão levá-lo à meta. O indivíduo pode canalizar a tensão gerada pela frustração para trabalhar mais intensamente no sentido de transpor o obstáculo. É o caso de um indivíduo que não se saiu bem numa prova e que se prepara melhor para uma segunda oportunidade que surge, (Alencar, 1986:181).
Após a frustração, o indivíduo poderá também reestruturar a situação, analisar se a sua acção em direcção ao objectivo foi ou não adequada e isto poderá levá-lo a descobrir um novo caminho ou uma outra maneira para superar o obstáculo”, Alencar (1986:181). Portanto, insista, persista e nunca desista do seu sonho ou dos objectivos a alcançar. Deveria partir do pressuposto básico de que o destino não existe, mas sim, alguém traça o seu destino, ou seja, se almeja alcançar uma determinada meta nunca desista sem de ter conseguido alcançá-la.
Inspiremo-nos em vida e obra de “Abraham Lincoln, Marthin Luther King Jr., Nelson Mandela, Samora Moisés Machel,” entre outras figuras inspiradoras que preferiram morrer por uma justa causa e apesar de todas as barreiras e situações frustradoras por eles vivenciadas nunca desistiram. Portanto, vale a pena lembrar do ditado que diz “desistir é sem dúvidas atitude dos fracos”. Será que é fraco? Penso que não! Então, erga desde já a cabeça e mude o destino da vida educando os solos da sua emoção. Lembre-se que quanto mais intenso ou duradouro for a frustração mais danos se espera na personalidade do indivíduo. Isto quer dizer que há necessidade de facto, de haver uma intervenção rápida por parte dos indivíduos à sua volta, quer intervenção dos pais, quer dos amigos, dos vizinhos até mesmo dos Psicólogos. Mas para que isto aconteça é preciso que o indivíduo se abra perante os outros, ou seja, exponha a sua preocupação de modo que os outros possam dar a sua contribuição. Caso não, o mesmo pode sofrer consequências quer a nível emocional, quer a nível cognitivo, quer a nível pessoal quer a nível social. Portanto, se a maturidade emocional do indivíduo não dispõe de um desenvolvimento suficientemente adequado para enfrentar situações do género, é imperioso que o mesmo recorra ao pessoal especificado para acompanhamento: pais, amigos, vizinhos e em especial aos especialistas na área, psicólogos.    
                             
*Licenciando em Psicologia Educacional
custodiosumbane@gmail.com

Maputo, 2014

Motivos de Comportamentos Sociais, “Uma Reflexão do Ponto de Vista Psicológica e Educativa”


MOTIVOS DE COMPORTAMENTOS SOCIAIS
“Uma Reflexão do Ponto de Vista Psicológica e Educativa”
Maputo, 2014

*Custódio Sumbane
No nosso dia-a-dia, temos encarado dilemas tanto ao acordar, ao entardecer, ao anoitecer ou mesmo de madrugada que, fazem com que não tenhamos paz no anfiteatro ou nos solos da nossa emoção, ou seja, sem saber em como lidar ou mesmo superá-los. Falando de Comportamentos Sociais está-se a falar concretamente de frustração, agressão, apatia, depressão, conflitos, ansiedade entre outros. Sendo assim, pode se dizer que, o homem é sem dúvidas susceptível dessas tipologias comportamentais, isto é, independentemente da raça, do grupo étnico, do estilo de aprendizagem, dos valores, das crenças, dos hábitos, do nível de inteligência até mesmo da religião ele carrega consigo essas descargas comportamentais.
Todavia, em Psicologia diz-se que todo o comportamento tem uma causa. Com isto quer se dizer que todos os aspectos ou comportamentos observados no país e no mundo fora tem lá suas causas. Esses comportamentos em algum momento bloqueiam o funcionamento momentâneo e normal do anfiteatro da estrutura cognitiva do individuo podendo de alguma forma causar danos tanto a nível emocional, cognitivo, pessoal até mesmo social. Neste caso, qual seria a forma mais eficaz e eficiente de superá-los? Antes de responder a esta questão talvez podia tentar esclarecer o que é isto de comportamentos sociais e como é que surgem.
Olhando em primeiro lugar para frustração, dir-se-ia que este é sem dúvidas, comportamento resultante duma necessidade não satisfeita, bloqueada ou não atendida. Sendo assim, pode se dar o caso de um indivíduo que quer ser atleta (jogador de futebol) mas não é possível devido à sua deficiência física, visual e auditiva, que quer ser modelo mas não dispõe de atributos necessários para tal profissão, que quer estar na faculdade mas não se tem saído bem no exame de admissão, que deseja se alimentar mas não encontra um restaurante aberto, que quer ser cantora mas não dispõe de uma boa voz e que quer comprar um carro mas o dinheiro não lhe é suficiente.
Portanto, a não satisfação dessas necessidades pode causar frustração. Trazendo algumas ideias sustentadora no tocante às causas da frustração, pode se olhar no dizer de (Alencar, 1986:175), quando advoga categoricamente que, frustração é mais comummente utilizada como referência a uma situação em que uma barreira ou obstáculo impede a obtenção de um objectivo pelo sujeito. Em outras palavras Alencar queria dizer que, o exame de admissão, o restaurante fechado, a falta de dinheiro, a deficiência física, visual e auditiva, a altura, a voz entre outros são alguns dos factores ou barreiras bloqueadores das nossas necessidades. Estas entre outras barreiras causam consciente ou inconsciente, parcial ou significativamente frustrações no indivíduo. Esta situação frustradora pode gerar agressividade.
Segundo Dollard et al., (1939) cit in., (Alencar,1986:176), diz que um grupo de psicólogos propôs a hipótese de que a frustração gera agressão. De lembrar que a agressão ou agressividade pode ser física, verbal ou psicológica. Deve se ainda ter em conta que quanto mais intenso for a frustração mais intenso será a agressividade.
Em relação ainda à agressividade alguns autores como Filósofo Português, (Estanqueiro, 1992), alegam que agressividade é fruto da imitação e observação de modelos. As crianças para este autor aprendem a serem agressivas através da observação e imitação de modelos como pais, professores, filmes, pessoas admiradas, amigos mais queridos entre outros. Quando a criança por exemplo é educada num ambiente hostil, a probabilidade é maior da mesma ser agressiva no momento futuro pois, para ele o ataque é a única alternativa de solucionar problemas e que na verdade não é. Segundo Freud, Pai da Psicanálise, todos os aspectos vivenciados na infância e na adolescência determinam a personalidade do indivíduo.
Charles Darwin na sua Teoria de Selecção Natural, advoga que o ser humano é actor da sua agressividade visto que o mesmo carrega consigo informação genética que garante lhe a preservação da espécie. Portanto, em relação a este aspecto, agressividade, pode se chegar a conclusão de que o homem aprende a ser agressiva. Um exemplo concreto seria dum indivíduo que após o nascimento é colocado num ambiente insolado onde não vê pessoas mas existem lá condições favoráveis para a sua sobrevivência. Neste caso pode se dizer que depois de 20 anos, o indivíduo não estará em condições para se expressar verbalmente, agir agressivamente até mesmo para responder à certas acções.
Para além da agressividade, existe uma forma estranha de ser dos indivíduos perante certas situações. Há casos em que os indivíduos mostram se indiferente quando estão perante situações como o caso de encontrar um individuo na paragem passando por situações difíceis como doença e não dar conta. Como o caso de uma criança que está num ambiente onde as outras manipulam os objectos a sua volta como forma de divertir-se e a criança mostrar se indiferente, como se não estivesse acontecer nada.
Como é que se explica isso? Para (Alencar, 1986:179), essa atitude é considerada apatia, que caracteriza-se por um comportamento oposto às manifestações agressivas, ou seja, o indivíduo torna-se indiferente a quaisquer estímulos, incapaz de apresentar quaisquer reacções. Segundo o mesmo autor, o comportamento apático tem maior probabilidade de ocorrer em situações de frustrações intensas e prolongadas, após todas as tentativas possíveis de o indivíduo transpor a barreira terem sido inúteis e sentir-se ele ameaçado psicologicamente por quaisquer reacções apresentadas.
Preste muita atenção nesta situação pois, não é pela simples razão de o indivíduo não mostrar disponível de agir perante situações em que a maior se preocupa é que vamos classificá-lo de apático. É preciso que a atitude seja típica da pessoa, ou seja, deve tender se manifestar-se em varíssimas vezes pois, a Psicologia defende que um comportamento X ou Y é típica duma dada pessoa quando o mesmo manifesta-se em várias circunstâncias.
Para além dos aspectos supracitados, todos nós já passamos por situações de conflitos, ou não? Creio que ninguém diria não. A resposta para este caso tem sido sempre sim! Na nossa vida académica, no trabalho, nas relações conjugais, nas amizades entre outros temos passados por situações do género. E na maior parte de casos não entendemos as suas causas e principalmente em como superá-los e, em algum momento sentimo-nos sem razão de permanecer ainda vivo. Esta situação tem acontecido quando estamos perante duas necessidades, metas ou cursos que coloca­­-nos em decadência. Assim, pode se dar exemplo de um estudante que é feito escolher entre um carro SANTAFE 4WD, último lançamento e um valor de 800 milhões de meticais da velha família que hoje em dia corresponde a 800 mil meticais. Entre uma situação em que um senhor, pai de família, é pedido pela sua querida e única esposa, segundo ele, para levar a sua sogra de Gaza para Maputo para ter cuidados médicos sabendo que já o levara e foi acusado de ser actor da gravação da situação ou doença.
Portanto, por conflito, (Alencar, 1986:182), entende um tipo especial de frustração, que se caracteriza pelo aparecimento simultâneo de duas ou mais necessidades, desejos ou tendências de respostas incompatíveis. O conflito poderá ser também entre pressões internas e externas incompatíveis ou entre exigências externas que não podem ser satisfeitas simultaneamente. Dependendo da natureza do conflito, o indivíduo poderá apresentar desde uma indecisão momentânea sobre que resposta apresentar até uma alta tensão, ou mesmo bloqueio completo.
A alta tensão interfere com a capacidade de perceber, pensar e aprender eficientemente, o conflito envolve uma série de processos que tende a dificultar a sua resolução. (Davidoff, 1983), diz que os conflitos podem ser vistas em quatro perspectivas à saber: conflito aproximação-aproximação; conflito evitação-evitação; conflito aproximação-evitação e conflito dupla aproximação-evitação.
No primeiro conflito, o indivíduo encontra-se atraído por dois objectos, cursos de acção ou necessidades, e a aceitação de uma opção significa abandonar a outra. O que não é uma tarefa fácil. Os dois objectos neste são brilhantes e atraentes. O segundo conflito evitação-evitação é o inverso do primeiro pois para além de se atrair por dois objectos, a pessoa é simultaneamente repelida por duas metas, objectos, ou cursos de acção e obrigada a escolher uma alternativa, (Davidoff, 1983:553). Um exemplo concreto deste conflito pode se dar o caso de uma pessoa apanhada a furtar alguma coisa de uma loja pode ter de escolher entre estar dias na cadeia ou pagar uma multa. Este conflito, tende a ser mais difícil de responder ou decidir, diferentemente do primeiro.
Em relação ao terceiro conflito, aproximação-evitação, o individuo tende a ficar preso pois, é simultaneamente atraído e repelido pelo mesmo objecto, metas ou necessidades. Por esta razão, (Alencar, 1986:185), explica a razão por que este conflito não é fácil de ser resolvido. Este é um dos conflitos que com maior frequência ocorre na vida quotidiana dos indivíduos. Dando um exemplo concreto, pode-se citar um emprego que paga bem, mas não oferece segurança; ou um indivíduo que deseja morar em uma casa confortável mas muito distante da cidade, ou ainda uma criança que deseja andar a cavalo, mas receia cair, (Alencar, 1986:185).
E a quarto e último conflito, dupla Aproximação-Evitação, envolve duas metas, cada qual tendo bons e maus pontos. Uma jovem por exemplo, talvez tenha de escolher entre trabalhar ou frequentar uma escola. O único cargo disponível é o de empregada domestica; é desagradável, mas proporcionará renda. A escola qualificará a mulher para uma carreira significante. Mas a instrução é cara e consome tempo, (Davidoff, 1983: 554).
Portanto, em relação aos comportamentos supracitados, o homem para além de agir apática e agressivamente perante situações frustradoras, ela, tendem a manifestar alguns comportamentos ou atitudes como, esforço intensificado, a regressão, a fantasia e a fixação.
Agora pode se voltar à questão anterior, como lidar com esses comportamentos sociais? Respondendo a esta questão diria que vivenciar situações frustradoras não é algo doutro mundo, é uma situação que tem ocorrido na nossa vida quotidiana, na nossa vida académica, no trabalho, nas relações conjugais, nas amizades, entre outros. Mas como lidar com estas situações visto que bloqueiam o curso das nossas actividades e desejos desencadeando em algum momento em tragédias a nível fisiológico cognitivo, emocional e social?
Não é uma tarefa fácil educar os solos da emoção, mas é possível dependendo da maturidade emocional de cada indivíduo e a sua capacidade de controlo. Cury, (2004:68), dá-nos exemplos de um dos maiores sonhadores de todos os tempos, “Abraham Lincoln”. Segundo  Cury (2004:68), este teve todos os motivos para abandonar seus sonhos, mas, apesar de todas as lágrimas e das incontáveis frustrações, jamais desistiu deles. Conseguiu insistir e persitir depois de muitas contestações e inúmeras perdas na eleições presidenciais do Estados Unidos de América. Porém, ele apenas zombou do próprio medo, transformou a insegurança em ousadia, a humilhação em lágrimas que lapidaram sua personalidade, as lágrimas em gemas preciosas no território da emoção. Conseguiu transformar os obstáculos em victórias, Cury, (2004:68).
Portanto, vale apena inspirarmo-nos em vida e obra de modelos no mundo de perdas e frustrações. Isto quer dizer que, ao sentir-se frustrado, o indivíduo poderá também reagir construtivamente, através de um esforço intensificado para vencer o obstáculo e alcançar o objectivo, ou poderá também tentar novos caminhos que poderão levá-lo à meta. No primeiro caso, o indivíduo canaliza a tensão gerada pela frustração para trabalhar mais intensamente no sentido de transpor o obstáculo. É o caso de um indivíduo que não se saiu bem numa prova e que se prepara melhor para uma segunda oportunidade que surge. Após a frustração, o indivíduo poderá também reestruturar a situação, analisar se a sua acção em direcção ao objectivo foi ou não adequada e isto poderá levá-lo a descobrir um novo caminho ou uma outra maneira para superar o obstáculo”, Alencar (1986:181). De realçar ainda que quanto mais tempo a frustração levar mais danos se espera na personalidade do indivíduo. Isto quer dizer que há necessidade de facto, de haver uma intervenção rápida por parte dos indivíduos à sua volta, quer intervenção dos pais, quer dos amigos, dos vizinhos até mesmo dos Psicólogos. Mas para que isto aconteça é preciso que o indivíduo se abra  perante os outros, ou seja, exponha a sua preocupação de modo que os outros possam dar a sua contribuição. Caso não o mesmo pode sofrer consequências, a nível emocional, cognitivo, pessoal e social.
Portanto, se a maturidade emocional do indivíduo não está suficientemente desenvolvida para enfrentar situações do género, é imperioso que o mesmo se dirija urgentemente ao pessoal supracitado (pais, amigos, vizinhos e especialista na área: Psicólogos.

*Licenciando em Psicologia Educacional

custodiosumbane@gmail.com
2014

Um Olhar Psicológico sobre a Tensão Político-Militar em
Moçambique


              *Custódio Sumbane 
                                           
Afinal de contas a quem este Moçambique lindo pertence? Ao povo como o Primeiro Presidente de Moçambique Independente Samora Moisés Machel dizia ou a um grupo de indivíduos que se fazem passar de representantes do Povo? Suponhamos que o poder está mesmo com o povo, será que a sua voz se faz respeitar? Será que se quer transformar este lindo país em holocausto judeu onde os direitos humanos foram destruídos? Quer se vivenciar ainda a guerra dos 16 anos, onde milhares de crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos deixaram de gozar dos verdes solos e os 1000 anos que Deus lhes tinha prometido na terra? Quer se voltar a destruir todas as infra-estruturas construídas dentro do sacrifício e de empréstimos de fundos que até hoje alguns ainda não foram reembolsados? Será que estamos num país democrático com liberdade de expressão, direito à protecção ou ainda direito à vida? Será que já se parou para pensar em termos do tipo de Personalidade que se pode desenvolver depois de as crianças serem educadas dentro dum ambiente hostil ou de guerra? Será que se está a respeitar a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada a 10 de Dezembro de 1948 pela Organização das Nações Unidas (ONU)?

Essas inquietações são, de facto, de todos os moçambicanos e carecem de resposta! Mas, lembrem-se que segundo Estanqueiro (1992), independentemente das nossas diferenças: hábitos, costumes, valores, crenças, grupos étnicos, estatuto socioeconómico, estilo de vida, estilo de aprendizagem, cor da pele; somos todos iguais em dignidade. Isto quer dizer que embora sejamos diferentes merecemos respeito um ao outro e há necessidade de se desenvolver uma atitude empática que ajudar-nos-á a compreender os solos da emoção do nosso parceiro, companheiro, amigo, irmão, pai, professor, tio, avô, primo até mesmo do nosso inimigo.
Assim, partindo das possíveis respostas que podem surgir das perguntas supracitadas, se pode afirmar que, o país está de cabeça para baixo e de pernas para o ar, pois, as desavenças dos superiores hierárquicos causam à milhares de famílias uma situação de dor inesquecível e irreparável. Choram lágrimas de sangue devido a crucificação dos seus ante queridos como se fossem gado no matadouro. E devido à perda de seus bens e sobretudo à vida que nunca trar-lhes-iam de volta. Sendo que, milhares de crianças foram colocadas numa situação de vida ou morte e algumas massacradas como aconteceu no holocausto da Segunda Guerra Mundial. Para recordar este triste cenário, poder-se-ia chamar Cury (2002:98-99), para nos contar em linhas gerais o que, de facto, aconteceu com as crianças judias.
Na Segunda Guerra Mundial, muitos judeus foram enviados para os campos de concentração: um depósito humano, pior do que uma pucilga. Elas choravam alto, mas ninguém as ouvia. Sentiam dores, mas ninguém as aliviava. Passavam frio, mas ninguém as aquecia. Gemiam de fome, mas ninguém as saciava. Será que pelo menos os jovens e as crianças judias foram bem tratados? Não! Não podiam andar nas ruas, comprar, ter amigos, ter carinho de seus pais e ir para a escola. Perderam tudo! Por fim, mais de um milhão de crianças e adolescentes judias morreram.

Em suma essa história retrata uma situação em que os direitos humanos foram destruídos. Que situação triste! Será que não é a mesma coisa que está acontecer com as crianças moçambicanas? As crianças são invadidas nas suas próprias casas com tiroteios repentinos como se estivessem afugentar passarinhos ou macacos na machamba. Esses tiroteios criam situações de pânico e trauma irreparável. As crianças são obrigadas a dormir nas savanas, florestas e faunas com animais perigosos que corrompem o território da sua emoção e coloca em risco a sua vida. Imagine o desespero que vivem cada uma dessas pequenas e belas pessoas. O sol nasce, o brilho abre, as janelas da sua memória na tentativa de resgatar a sua identidade, mas, torna-se difícil, devido aos entraves que bloqueiam o anfiteatro da sua memória e os solos da sua alma. O que se espera de crianças educadas em ambientes impróprios, como a guerra sabendo que é das crianças que o país depende?
Segundo Freud, Pai da Psicanálise, advoga que todos os aspectos vivenciados na infância e na adolescência determinam a personalidade do indivíduo. Isto quer dizer que, se uma criança vive ou é educada num ambiente hostil, de guerra, agressiva, de terror, ou vivencia situações criadoras de pânico e trauma, ela pode se tornar em adulto belicista, criador de pânico e provocador de situações traumatizantes para com os outros porque para ela essas atitudes são normais e humanas. Imaginemos uma dessas crianças desempenhando o cargo por exemplo de Chefe do Estado do nosso país, a vida será guerra para toda a eternidade. É isto que queremos? Formamos homens guerrilheiros incapazes de mudar e salvar o mundo das diversas patologias? Reflictamos nessa questão! Estanqueiro (1992), nos alerta que as crianças aprendem por observação e imitação. Elas observam modelos como pais, tios, professores, pessoas admiradas, figuras públicas, representantes do povo e do país até situações que se vivem no país e subsequentemente poem em prática.
Portanto, cabe aos modelos supracitados mudarem de atitude e criarem um ambiente favorável para o desenvolvimento da personalidade dos pequenos e inocentes seres: “as crianças”. Há necessidade de ter se em conta que ninguém aprende a amar se não foi amada, ninguém se abre se não é aceite e ninguém entende a questão da paz se não foi educada num ambiente de paz. Assim, amanhã teremos mendigos, crianças de rua, belicistas e esquecer-nos-emos de que fomos os promotores. Segundo Cury (2002:103), os direitos humanos não podem estar apenas na lei, devem ser tecidos na alma e esculpidos no coração.
 O Acordo Geral de Paz foi estabelecido em Roma, na Itália em 1992, de modo que todos pudessemos estar fora das ameaças que atingem o território da nossa emoção. Mas, mesmo assim ainda se fazem sentir tiroteios que escavam as dores escondidas nos becos das nossas almas há 22 anos. Faz se recordar da história triste das nossas mães que choravam com sacos de arroz e sal percorrendo longas distâncias sem descansar.
Contudo, qual seria a possível solução? Na resolução de conflitos há três estratégias que podem ser tomadas em conta : O diálogo, o ataque e a fuga, (Estanqueiro, 1992). Ainda o mesmo autor alega que, no que concerne à comunicação interpessoal, o ataque é uma estratégia perigosa, porque revela falta de respeito pelos outros e desejo de domínio sobre eles. O diálogo autêntico dá bons frutos. Promove a confiança mútua; gera entendimentos; humaniza as divergências; permite acordos. Porém, este surge, deste modo, como a estratégia ideal para resolver conflitos e aproximar as pessoas. Muitos conflitos entre pessoas, grupos ou nações, foram evitados ou resolvidos pela aposta ao diálogo. Em situações criticas, justifica-se a presença de um mediador (pessoa competente e imparcial) que facilite a comunicação, salientando os pontos comuns e as vantagens do entendimento. Porém, nem tudo é negociável mas, mais vale um acordo frágil, uma solução de compromisso, onde haja cedências de ambas as partes, do que aprisionar o território da emoção das crianças e da sociedade no geral.
Não vamos viver o presente e sem prosperar o futuro. Portanto, vale apena olhar nas crianças como as flores que nunca murcham, dizia “Machel”, pois é delas que o país depende. E lembrem-se ainda que, o único sítio onde o indivíduo não deve ser aprisionado é no cerne da sua alma ou emoção. Portanto, reflictamos!

*Licenciando em Psicologia Educacional
custodiosumbane@gmail.com

2014

Crianças com Necessidades Educativas Especiais em Moçambique


*Custódio Sumbane

Como é que as crianças com Necessidades Educativas Especiais são vistas no contexto Moçambicano? Será que, o país possui escolas verdadeiramente inclusivas? Será que as Políticas Educativas de Moçambique respondem à demanda da sociedade: “Crianças com Necessidades Educativas Especiais­”? Estas inquietações, aprisionam o território da emoção das pequenas e belas crianças, dos pais e encarregados de educação e dos membros da sociedade civil. Entretanto, depois de uma longa data de exclusão das crianças com Necessidades Educativas Especiais aparece países, governos e ainda organizações para traçar políticas, princípios, e as práticas a fim de alertar países do mundo inteiro no sentido de desenvolver políticas que pudessem responder à diversidade e pôr em prática a questão de escolas inclusivas, onde todas as crianças independentemente do seu estado físico, intelectual até emocional pudessem aprender.
Será que as crianças com necessidades educativas especiais no contexto moçambicano são vistas como as que tem direito à escola, direito à protecção, as que merecem respeito, consideração, ajuda e sobretudo direito à vida? Os actos indicam que não! Um exemplo concreto que justifica a questão supracitada, é o facto de as escolas não possuírem professores com formação psicopedagógica para lidar com situações do género. Segundo, as crianças são menos valorizadas tanto ao nível da sociedade como educacional. Terceiro, a falta de um número considerável de crianças com necessidades educativas especiais frequentando escolas regulares. E por último, as crianças são invadidas nas suas próprias casas com tiroteios repentinos como se estivessem afugentar passarinhos na machamba, e são obrigadas a dormir nas savanas, florestas e faunas com animais perigosos, que colocam em risco a sua vida e corrompem o território da sua emoção.
 Essas crianças são vistas como seres sem valor, como esquizofrénicos na lixeira, como as que não são dignas de respeito, consideração, oportunidade, protecção, escola, e sobretudo a vida. Mas, mesmo os psicóticos afectivos ou funcionais que estão desligados da realidade, têm algo de positivo que se pode aproveitar. E as crianças? Reflictamos!
Contudo, em 1998, o país institucionalizou o projecto “Escolas Inclusivas” emanada na Declaração de Salamanca, com o propósito de garantir a formação de professores a fim de responder à demanda da sociedade, “crianças com necessidades educativas especiais”. Mas, as escolas ainda não possuem professores formados, capazes de lidar com a diversidade na sala de aula. As escolas não são construídas de tal forma que possam favorecer a todos de igual modo. Está-se a falar basicamente de construção de escolas com rampas condignas, corrimão entre outros aspectos que possam favorecê-las. Não apresentam um número significativo de crianças ditas “anormais” ou com necessidades educativas especiais frequentando escolas regulares.
Entretanto, Cury (2002:103), nos chama atenção de que os direitos humanos não podem estar apenas na lei, devem ser tecidos na alma e esculpidos no coração. E uma das declarações que tem preocupação com as crianças, Declaração de Salamanca (1994:11) salienta que, as escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentam.
 E isso só é possível com a presença de professores altamente formados ou capacitados na área para lidar com situações do género. Mas isso não acontece na sua plenitude, ou melhor não se faz sentir. O que existe é exclusão, descriminação e segregação.  
Portanto, este triste cenário se assemelha ao holocausto judeu ocorrido na segunda guerra mundial, onde os direitos humanos foram violados. Os nazistas do partido de Hitler, viam as judias como uma espécie impura e sem direito à vida. Logo, foram colocadas nos campos de concentração e exterminados. Por fim, mais de um milhão de crianças e adolescentes morreram. Para onde vamos com atitudes discriminatórias, segregacionistas ou exclusivas? Tomemos, no entanto, uma atitude empática, e coloquemo-nos no lugar dessas pequenas e belas crianças. Deve-se olhar para essas crianças ignoradas como se fossem as nossas. Ninguém gostaria de saber que o seu filho está sendo ignorado ou visto como alguém sem valor. Assim, Estanqueiro, (1992: 28), chama-nos atenção de que, não somos superiores nem inferiores aos outros. Somos diferentes, mas iguais em dignidade. Merecemos respeito e amor. Devemos amar o próximo como a nós mesmos.
Na verdade, a diferença nos acompanha tanto a nível emocional, fisiológico, social, cognitivo e cultural mas, apesar dela, somos todos iguais em dignidade. Portanto, a mudança de comportamento começa connosco. Entretanto, que impacto psicológico a exclusão pode causar nas crianças com necessidades educativas especiais? Lembrem-se que ninguém aprende a amar se não foi amado, ninguém se abre se não é aceite e ninguém entende a questão da paz se não foi educado num ambiente de paz. Sendo assim, a revisão literária sugere que os alunos colocados em classes segregadas sofrem consequências negativas, nomeadamente um autoconceito mais baixo, como resultado da separação. Eis as palavras dos alunos da Escola Secundária Josina Machel: Gostaríamos de gozar do mesmo espaço físico (sala de aula) com os outros (alunos) ”.
Primeiro, de realçar que as crianças com necessidades educativas especiais sentem-se excluídas pelos amigos, pela comunidade, escola e em algumas circunstâncias pela própria família. Sendo assim, elas podem tornar-se indivíduos inseguros, podem desenvolver complexo de inferioridade, sentimento de culpa, de incapacidade, baixa auto-estima, baixo autoconceito, fraco rendimento académico, desespero, dependência, depressão e por sua vez a frustração pode acompanhar o percurso da sua vida. Que situação triste! Contudo, que estratégias podem ser adoptadas para garantir escolas verdadeiramente inclusivas? Para garantir escolas verdadeiramente inclusivas é preciso que: Primeiro, o Ministério da Educação delimita políticas que tem em vista a diversidade, ou seja, que vão responder à demanda da sociedade; Essas políticas devem favorecer a todos sem descriminação; A formação Psicopedagógica dos professores; criação de escolas com recursos; implementação das políticas; aplicação da pedagogia diferenciada; formação de grupos heterogéneos; E por fim, o Ministério da Educação, da Mulher e Acção Social em colaboração com o Ministério da Saúde deviam criar um ambiente de debates ou palestras, com o propósito de sensibilizar a sociedade civil de modo que possa considerar as crianças com necessidades educativas especiais como as digna de respeito, consideração, escola, oportunidade e sobretudo a vida. Portanto, criemos um ambiente favorável para o desenvolvimento normal da personalidade das pequenas, inocentes e belas crianças.

*Licenciando em Psicologia Educacional
custodiosumbane@gmail.com

2014

Atendimento e Aconselhamento Psicológico nas Instituições Educativas

         Custódio Sumbane
                                                                                                                       
Até que ponto o Atendimento e Aconselhamento Psicológico é pertinente nas Instituições Educativas? No dia-a-dia tem-se vivenciado dilemas que atormentam o nosso estado emocional, social, pessoal até educativo podendo, de alguma forma, colocar em causa o aproveitamento pedagógico dos alunos. Sendo assim, deve se ter em consideração que as primeiras fases do desenvolvimento da criança são das mais susceptíveis de crise. Esta crise vai se repercutir na adolescência e na fase adulta. Freud, Pai da Psicanálise, fala muito bem sobre isto quando advoga que “todos os aspectos vivenciados na infância e na adolescência determinam a personalidade do indivíduo”. Com isto, pode se concluir que é na infância onde se constrói a personalidade do indivíduo, se desenvolve a autonomia, a socialização, a moralidade, o saber ser, saber estar e lidar com os outros.

Em proporção disso, pode se dizer que o divórcio, a mudança de escola, a rejeição no grupo de amigos, os conflitos sociais, a violência no ambiente familiar, bullying (agressão ou violência no contexto escolar), madrasta ou padrasto, enfim, são situações que são vivenciadas pelas crianças e que colocam-nas traumatizadas podendo, de certa forma, afectar a sua escolarização e a sua vida futura. Não se pode falar de qualidade de ensino sem falar do aluno e não se deve falar do aluno sem ter em conta os problemas que enfrenta. Com isto, quer se dizer que os problemas que o aluno enfrenta no seu quotidiano afectam significativamente na sua vida académica.

Portanto, é imperioso que se tenha em conta os problemas do aluno como forma de garantir a qualidade do ensino e o bem-estar. Os Psicólogos e Estatísticos melhor é que podem explicar este cenário. Por exemplo, no processo de aplicação de um teste referente ao constructo (teste que avalia os traços latentes) ou teste referente ao conteúdo (teste que avalia o rendimento académico) é possível aplicar o mesmo teste ao mesmo indivíduo duas ou três vezes em momentos diferentes, com o propósito de verificar a estabilidade temperamental do aluno e o mesmo obter pontuações extremamente diferentes. Como se explica? Vários factores podem estar por detrás disto, como por exemplo, o índice de dificuldade do próprio teste, o professor, as condições do meio ambiente, o aluno e ainda aspectos ligados à sua vida que afectam, de alguma forma, o território da sua emoção e bloqueiam o curso normal das suas actividades.

Contudo, para sustentar as ideias anteriormente ditas pode se chamar Mwamwenda (2004: 337), um perito na área do desenvolvimento cognitivo das crianças no contexto Africano para nos situar o seguinte: Deve ser dito de forma categórica que nenhum sistema escolar em África pode exigir providenciar uma educação de qualidade se a maioria dos seus alunos não tem qualquer acesso à orientação e ao aconselhamento, como componente integral do seu currículo.
Entretanto, lidar com os problemas do aluno é um dos pontos chaves que se enquadra naquilo que é o melhoramento do ensino, pois as tipologias comportamentais funcionam, de algum modo, como barreira no desempenho académico do aluno. Na mesma linha do pensamento, Mwamwenda (2004: 343), advoga que a orientação e aconselhamento nas classes iniciais podem ajudar a prevenir problemas com os quais as crianças se podem deparar no futuro. Alguns destes problemas incluem dificuldades de aprendizagem e um comportamento desviante (brigas, discussões, terminar relações, hiperactividade e défice de atenção e obstinação).

Para além das classes iniciais acima referidas, o Atendimento e Aconselhamento Psicológico é imperioso que ocorra nas classes subsequentes como (8ª à 12ª classes), pois é onde o acompanhamento parece mais necessário. Esta é a fase de grandes mudanças nos adolescentes visto que manifesta-se pelo desenvolvimento das ancas, seios, aparecimento da primeira menstruação, pêlos nas zonas axilares, engrossamento da voz, sonhos molhados, entre outras. Não só as mudanças corporais mas também as escolhas profissionais, a criação de amizades, o interesse pelo parceiro do sexo oposto, a inserção no grupo de amigos, as influências, enfim, são aspectos que colocam o adolescente em constante estado de turbulência, tensão e de indecisão ou mesmo crise de identidade. E essa crise de identidade pode afectar a sua esfera emocional, pessoal, social e educativo. 

Portanto, é de extrema importância a participação de Psicólogos nas instituições educativas na garantia do atendimento e aconselhamento psicológico, visto que, garante a detenção, precaução de problemas que os alunos enfrentam na sua vida académica e quotidiana. Só dessa forma é possível garantir alunos saudáveis, capazes de lidar com a prisão emocional e de nunca perder o gosto pela vida e continuar a lutar pelos seus sonhos.
Licenciando em Psicologia
custodiosumbane@mail.com

2014
Actuação do Psicólogo nas Instituições Educativas 



*Custódio Sumbane

Será que o Psicólogo é o “paracetamol para a dor de cabeça”? A sociedade, no geral, olha para o Psicólogo como quem lida com esquizofrénicos ou os vulgos malucos. Será?

No dia-a-dia temos nos deparado com tipologias comportamentais que corrompem, de alguma forma, o território da nossa emoção e bloqueiam o curso normal das nossas actividades, tanto ao nível de trabalho como educacional causando frustração, entre outras tipologias comportamentais. Tipologias essas que causam desavenças ao nível das relações conjugais, amizades, entre outras. Vivenciamos situações de raptos, ataques, estupros, desavenças e conflitos diários com as nossas famílias, vizinhanças, até mesmo com a sociedade no geral, que causam dores e traumas irreparáveis. No processo de ensino­­­-aprendizagem, vivencia-se  situações de bullying (violência no ambiente escolar), dificuldades de aprendizagem, hiperactividade e défice de atenção, dificuldade de se relacionar ou de lidar com os outros, a timidez na sala de aula, ansiedade, depressão, entre outros aspectos que colocam, de algum modo, em risco a saúde mental e emocional do aluno. E, muitas vezes, não se tem apercebido da justa-causa.

 

Neste caso, que estratégias poderiam ser adoptadas para superar ou lidar com situações do género, visto que é do ensino que o nosso futuro depende? Contudo, respondendo à questão supracitada pode se dizer que os psicólogos não têm como único objectivo lidar com esquizofrénicos ou indivíduos que se encontram desligados da realidade, pois parte-se do pressuposto básico de que somos todos susceptíveis de neuroses, isto é, somos neuróticos, diferentes em grau (uns com graus mais acentuados e outros menos). Apesar de não estarmos desligados da realidade, carregamos connosco algumas tipologias comportamentais que bloqueiam o curso normal dos nossos desejos e metas a alcançar.


Portanto, o psicólogo na instituição educativa procura, primeiro, optimizar e facilitar o processo de ensino-aprendizagem, trabalhando os aspectos cognitivos, afectivo-emocionais, fisiológico, até sociais do aluno com a finalidade de garantir uma estabilidade no percurso da sua vida académica e dotá-lo de estratégias que possam auxiliá-lo nos momentos críticos e da “prisão do território” da sua emoção. Faz acompanhamento e atendimento psicológico em caso de alunos com comportamentos desviantes; cria um ambiente favorável ou estimulante para o desenvolvimento normal da personalidade do aluno, da sua autonomia, da socialização, autoconceito e auto-estima. Procura, de algum modo, criar grupos coesos, dinâmicos, solidários e com espírito de ajuda, ou seja, garante uma estabilidade e entendimento no grupo de alunos, colegas, professores até dos funcionários da instituição.

Em proporção disso, na concepção de alguns autores do campo da Psicologia, como Araujo et al, (2008) cit in. Freire et al, (2011:58), o Psicólogo nas instituições educativas ajuda igualmente, na promoção de espaços de debates e reflexões sobre temas como: Uso de estratégias para o desenvolvimento da comunicação; Construção de um ambiente de confiança e respeito mútuo; Verificação de ambiguidades e conflitos existentes nas rela­ções e a construção de normas e re­gras institucionais. O psicólogo pode colaborar e participar desse pro­cesso de construção de regras no qual os alunos estão incluídos, dando suporte aos professores e gestores na elaboração de regras que não estejam somen­te relacionadas ao âmbito pedagógico, mas que estejam, também, voltadas para a organização e fortalecimento das relações entre os alunos, professores e a escola-família. Nessa perspectiva, o Psicólogo irá atingir directamente as questões relacionadas ao fortalecimento de vínculos nas relações interpessoais, propiciando um espaço para a elaboração de normas e regras na escola.

Pode, igualmente, proporcionar ao professor estratégias que possam-lhe ajudar na prevenção  de conflitos e das dificuldadess de aprendizagem no processo de ensino-aprendizagem. Não só os aspectos anteriormente citados, mas também nas relações interpessoais, bullying, entre outros que podem dificultar ou pertubar o exercício normal das actividades académicas. O Psicólogo procura, de alguma forma, garantir um ambiente favorável entre os alunos, aluno-professor, aluno-funcionário e vice-versa. Com isto, quer nos fazer entender que ele ajuda na garantia da saúde e equilibrio da comunidade escolar.

Ajuda, ainda, na educação dos “solos” da nossa emoção, pois partimos do pressuposto básico de que há psicólogos, psiquiatras, médicos, pedagogos, executivos, engenheiros, geólogos, sociólogos, filósofos, escritores, cientistas, historiadores entre outros, com alto nível académico e alguns com grau de moralidade bastante elevado, isto é, que sabem distinguir o bem do mal e o certo do errado, mas que não sabem educar os solos da sua emoção (ficam aprisionados nos becos da sua memória e sem conseguir abrir as janelas da mesma para resgatar a sua identidade). Isso acontece quando estão perante situações de frustração, depressão, ansiedade, conflitos, apatia, entre outros. Não é uma tarefa fácil educar o território da emoção, mas é possível dependendo da maturidade emocional de cada indivíduo, da sua capacidade de controlo e de apoio de Psicólogos. Sendo assim, o Psicológo desempenha um papel extremamente importante nas instituições educativas, pois ele garante a saúde mental, emocional, fisiológica e social dos alunos, professores e funcionários da instituição, garantindo,  desta forma,  uma tranquilidade na instituição.

Portanto, Araujo et al, (2008) cit in. Freire et al, (2011:58), volta a nos dar algumas pistas em termos do papel ou actuação do Psicólogo nas instituições educativas, advogando, desta vez, queo Psicólogo é um profissional que realiza trabalhos de prevenção das tipologias comportamentais, ajudando a escola a construir espaços e relações mais sau­dáveis. Mas, para isso, é de capital importância que ele esteja inserido no ambiente da escola, participando do seu quotidiano para que possa ter uma actuação específica e mais voltada à realidade


*custodiosumbane@gmail.com

2014