Custódio Sumbane
No mundo actual tem-se vindo a observar situações adversas
que constrangem e colocam em causa a saúde emocional e psicossocial dos casais.
As relações não têm sido duradouras e, de certo modo, isso
acaba por preocupar a sociedade no geral. Todo o homem deve ser acompanhado por
um parceiro(a), mas em ambiente de harmonia e tranquilidade, daí que Deus tenha
feito a mulher para que acompanhasse o mesmo (Géneses 2:21-25). O artigo 7 da
Lei no 10/2014, de 25 de Agosto (Lei da Família), considera o
casamento uma união voluntária e singular entre um homem e uma mulher, com o
propósito de constituir família, mediante comunhão plena de vida. E esse
casamento pode ter as seguintes modalidades: civil, religioso, e tradicional,
nos termos do artigo no16 da lei em epígrafe.
O casamento, geralmente, sucede depois do namoro e é nesta
fase da vida que se constroem todas as bases necessárias para o estabelecimento
de um relacionamento futuro sólido e seguro. Muitas pessoas ignoram e
desvalorizam-na, esquecendo que todos os aspectos vivenciados na adolescência
determinam a personalidade futura do indivíduo. A consideração, valorização, o
respeito e a confiança entre outros construídos nesta fase determinam, de
alguma maneira, a vida adulta.
O pensamento mencionado anteriormente serve, simplesmente,
para elucidar o valor que a adolescência tem na vida humana, e quando não é
atravessada com sucesso verificam-se certas dificuldades e problemas
incontornáveis ao longo dela, tais como de relacionamento, resolução de
conflitos conjugais, familiares, socioculturais, até a nível do trabalho. Na
verdade, os problemas acompanham toda a rotina diária do homem e resta utilizar
a inteligência emocional para solucioná-los e tomar decisões acertadas na
altura certa. Mas, afinal de contas, porque os casamentos ou relacionamentos
actuais não são duradouros? Será que alguma vez o foram? E que motivos causam
essas situações? Em boa verdade, as relações de gerações anteriores foram, no
geral, duradouras e actualmente o que se verifica é pessoas envolverem-se com
parceiros de sexo oposto por diversos motivos, tais como: beleza física,
condições socioeconómicas, inteligência, altura, tom de voz calmo, cor da pele,
etnia, olhar apaixonado, postura, entre outras características.
E é com base nessas aparências que as pessoas confundem a
real beleza que procuram com beleza interna. Quando alguém se relaciona, em
verdade, não está à procura da beleza externa, mas da interna. A beleza interna
consiste basicamente em saber ser, estar, lidar com o próximo, simpatia,
gentileza, bondade, empatia, respeito e amor ao próximo, confiança, tolerância,
solidariedade, sinceridade, paciência, auto-estima, auto-conceito, auto-imagem,
saber ouvir e esperar, daí a necessidade de se possuir um olhar clínico apurado
para discernir o observável do não observável. Vale referir que é extremamente
difícil apurar essas atitudes, dado que tanto os homens como as mulheres
apresentam uma alta capacidade de cobrir a sua real imagem, isto é, conseguem
apresentar uma imagem (máscara) falsa e persuasiva nos primeiros dias de namoro
(fase da paixão), o que resulta em ilusão, demonstração de fantasias, promessas
falsas que nunca se concretizam e, em consequência disso, surge a decepção.
O Mundo das Diferencas
Na nossa sociedade tem-se observado um surto de conflitos
intra-conjugais, caracterizado por violência doméstica, dificuldades de
comunicação, suicídios e divórcios por razões adversas, com especial
enfoque para a falta de respeito pelas diferenças individuais. A diferença nos
homens baseia-se nos hábitos, costumes, crenças, cor da pele, estilos de
aprendizagem, etnias, forma de pensar, estilo de vida, condições
socioeconómicas, entre outros. Vale referir que não somos superiores nem
inferiores aos outros, somos diferentes mas iguais em dignidade e deve-se
respeitar o próximo à nossa semelhança. Mas o que seria dos homens se não
fossem diferentes?Viveriam ora num mundo de prostituição, assaltos e roubos,
falta de hábitos de higiene, prevalência de altos índices de doenças, ora
seriam bons médicos, carpinteiros, contabilistas, camponeses, jornalistas ou
psicólogos.
Deve ser dito de forma categórica que a diferença faz
diferença e as pessoas, actualmente, desperdiçam o tempo pensando em parceiros
ideais ou perfeitos, tanto que a não operacionalização desta necessidade acaba
por desaguar na frustração. Um exemplo prático para elucidar a questão da
pertinência da valorização das diferenças individuais é o seguinte: se um
marido tem o hábito de deixar uma toalha molhada na cama sempre que volta do
banho, a esposa, caso seja diferente no que tange aos hábitos e costumes,
reagirá, no caso concreto, de forma diferente, exortando o marido para que
estenda a toalha num ambiente aberto. E assim poderá cultivar bons hábitos de
limpeza, higiene e saúde a nível familiar.
Respeite as diferenças individuais, pois elas são
extremamente importantes na vida e em qualquer relacionamento. Seja tolerante,
pois toda a relação só se mantém sólida e duradoura com base em cedências.
Demonstre na sua relação confiança, pois ela é a essência de qualquer relação,
quer seja amorosa, quer seja de amizade, sendo de realçar que a falta de
confiança quebra todos os projectos de vida de um casal ou relacionamento.
Saiba reconhecer os seus erros, pois o autoconhecimento é uma virtude. Seja
rico em humildade e pobre em complexos de superioridade porque o último
desenvolve a incapacidade de ouvir. Nunca se esqueça de conquistar o seu
parceiro(a) diariamente. Não procure perfeição no seu namorado(a) ou esposo
(a)dado que ninguém é perfeito e qualquer um é sujeito a falhas e erros. Lembre-se
que mudar de parceiro é mudar de problema. Sendo assim, há necessidade de
respeitar as diferenças individuais e procurar, sempre que possível, ser
compreensível, tolerante e, acima de tudo, paciente. No entanto, mostre a sua
maturidade emocional em lidar com situações ou problemas da vida. O divórcio ou
separação é sinal de imaturidade, irresponsabilidade, personalidade inconstante
e desequilibrada ou crise de identidade.
Atitude da Mulher
Proporcione ao seu parceiro, sempre que necessário, carinho,
consideração, respeito, segurança, sinceridade e, acima de tudo, amor. Vale
referir que a criatividade e adrenalina são essenciais para que qualquer
relação se torne brilhante. Procure ser criativa e acompanhe a dinâmica social
e da moda. O seu traje, o cabelo e a boca devem ter um estilo diferente e
apaixone-se pelo seu parceiro dia após dia. Dê um abraço e beijinho à sua volta
do serviço. Tire-lhe o casaco e leve-o para o banho. Ofereça uma refeição com
um toque romântico. Após o almoço, convide-o para ver televisão por pelo menos
30 minutos e aproveite a ocasião para oferecer-lhe uma rosa acompanhada de
declaração de amor. Saiba que a mudança de rotina é fundamental numa relação e
evite fazer coisas repetitivas quase todos os dias. E se assim proceder poderá,
de alguma maneira, assegurar inteligentemente o seu parceiro e manter o
relacionamento estável, forte e duradouro.
Portanto, respeite, ame e valorize o seu parceiro dado que
um complementa o outro, e recorra ao diálogo sempre que os conflitos e o fenómeno
de psicoadaptação assolarem o "território emocional" do casal.
Respeitem as diferenças individuais, pois somos todos iguais em dignidade e
elas solidificam qualquer relação em todo o mundo.