sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Intervenção Psicológica para Comportamentos Desviantes

Custódio Sumbane

Introdução

Pretende-se neste artigo abordar sobre comportamentos desviantes, suas influências e estratégias de intervenção psicológica. No nosso dia-a-dia, deparamo-nos com dilemas que fazem com que não tenhamos alegria no anfiteatro ou nos solos da nossa emoção, ou seja, sem saber como lidar com eles ou mesmo superá-los.
Há comportamentos que em algum momento bloqueiam o curso normal do anfiteatro da nossa estrutura cognitiva, podendo, de alguma forma, causar danos a nível emocional, cognitivo e até social. O consumo e abuso de álcool, drogas opióides-heroina, morfina, metadona, LSD, mescalina, psilocibina e marijuana e o haxixe são alguns dos comportamentos desviantes que aceleram de certa maneira a ruptura na maneira como as pessoas se comportam.
Existem vários tipos de categorias de drogas que estão tipicamente associadas a situações de abuso e/ou dependência, tais como os depressores estimulantes, alucinogénios e canabinóides.

•         Comportamento Desviante

Comportamento desviante é aquele que envolve uma transgressão ou violação de normas e expectativas sociais ou que é considerado desviante por um grupo de indivíduos ou pela comunidade. Por exemplo, uma intervenção a nível de um problema como o consumo de drogas. Campos, (1990:219).
As teorias da reacção social sustentam que o significado que se atribui a um determinado comportamento é bastante mais importante do que o comportamento considerado na sua realidade objectiva. As abordagens tradicionais e modernas baseiam-se em pressupostos teóricos e filosóficos bastante distantes ou mesmo contraditórias, as quais envolvem a utilização de grelhas de análise e métodos de investigação específicos.
Existem quatro tipos de categorias de drogas que estão tipicamente associadas a situações de abuso e/ou dependência, a saber:
Os depressores (álcool, drogas opióides-heroina, morfina, metadona, codeína), estimulantes (anfetaminas e a cocaína), alucinogénios (LSD, mescalina, a psilocibina) e canabinóides (marijuana e o haxixe). Campos, (1990: 219-222).
A literatura tem demonstrado a existência de uma clara associação entre o uso de drogas e fraco rendimento escolar. Um dado largamente referenciado na literatura prende-se com a relação observada entre o uso de drogas e o envolvimento do adolescente em actividades delinquentes e anti-sociais. Smart & Fejer, (1972), citado por Campos, (1990:224).

•         Delinquência Juvenil

Delinquente é assim considerado a partir do momento em que o indivíduo é alvo de uma acção judicial de que dependerá resultar a sua punição. Uma classificação que reúne um considerável consenso agrupa os actos delinquentes com base no seguinte critério: delinquência menor (actos considerados ilegais devido, exclusivamente, à idade do transgressor); delinquência de predação (prática de actos de gravidade média como o vandalismo e o roubo) e delinquência agressiva (actos de maior gravidade, como o homicídio, o rapto ou a violação, os quais implicam a utilização da força física).
No que diz respeito aos aspectos gerais de álcool e de drogas na adolescência, os resultados obtidos nos estudos feitos raramente fornecem dados convergentes acerca das características que o problema assume na adolescência. Não obstante, a diversidade de resultados é, no entanto, possível enunciar algumas conclusões comuns à maioria das investigações realizadas neste domínio. A primeira diz respeito ao tipo de substâncias psicotrópicas que são mais frequentemente utilizadas pelo adolescente.

No Canadá, por exemplo, um inquérito conduzido em 1984 junto de 1683 alunos a frequentarem 34 escolas francófonas, revelou que as drogas mais utilizadas foram, por ordem decrescente, o álcool (42,7%), o tabaco (29,7%), a canábis (15%), os medicamentos (3,8%), a cocaína (3,8%) e a cola (0,8 %). Outros estudos realizados em Portugal junto de 312 estudantes a frequentar seis escolas secundárias indicou, igualmente, que o álcool constituía a droga mais utilizada pelos jovens (35,9%), seguindo-se o consumo de tabaco (25,2%) e o uso de drogas ilícitas (7,5%), cujos tipos não foram especificados neste estudo, Carvalho (1983), citado por Campos (1990:223).

No que se refere à repartição do consumo de drogas e álcool em função de variáveis como a idade ou sexo, verifica-se, de um modo geral, que a frequência do consumo aumenta proporcionalmente com a idade e que é maior nos rapazes do que nas raparigas. Outro dado comum à maioria das investigações diz respeito ao que se designa, habitualmente, por consumo cumulativo de drogas. Carvalho (1983): Braucht (1982) citado por Campos (1990:223).
VÁRIAS pesquisas foram realizadas em várias partes do mundo como Canadá, Estados Unidos da América, França, Portugal, entre outros pontos de referência, e revelam claramente que as drogas psicotrópicas e o consumo do álcool têm assolado a camada juvenil, visto que esta é uma fase de muita crise em que os adolescentes sofrem influência social, isto é, influência dos amigos, da escola, igreja, família e modelos sociais.
As frustrações e pressão social podem levar a que os adolescentes se refugiem nas drogas como forma de busca do sentido da vida e de auto-afirmação.

A nível familiar: As formas mais graves de consumo de drogas seriam, predominantemente, em ambiente familiar. Qualquer que seja a importância que se atribua à família na iniciação do adolescente no uso de álcool e drogas, parece demonstrado que relações familiares positivas desencorajam o consumo daquelas substâncias, enquanto a instabilidade familiar e o divórcio podem promover o consumo. O abuso de drogas é como um fenómeno que afecta o sistema familiar no seu conjunto, desencadeando reacções e mecanismos de resposta de todos os seus membros. Baumrind (1980), citado por Campos (1990:226).

O grupo de companheiros: Parece ser dominante não só em influenciar as atitudes do adolescente em relação ao álcool e drogas, mas igualmente em fornecer contextos para o uso daquelas substâncias. Investigações demonstram a existência de uma forte correlação entre o uso de drogas pelo adolescente e o uso de drogas pelo grupo de amigos (Stanton, 1979, citado por Campos, 1990:227).

Perspectivas de intervenção psicológica

As diferentes estratégias de controlo do abuso do álcool e drogas poderão ser globalmente incluídas em três domínios gerais de intervenção: prevenção, tratamento e reinserção ou reabilitação.
Se considerarmos que o abuso de drogas é um fenómeno de adolescência, facilmente se reconhecerá a importância da escola enquanto agente dinamizador de acções orientadas para a sua prevenção (Botvin, 1983, citado por Campos, 1990:232).
De referir que o psicólogo pode adoptar várias estratégias ou perspectivas de intervenção para contribuir no que diz respeito ao fortalecimento das regras e relações interpessoais. E esta intervenção pode ser feita da seguinte maneira: (i) Aplicação de estratégias para o desenvolvimento de uma comunicação interpessoal saudável entre a família e os adolescentes; (ii) A construção de um ambiente de confiança e de respeito mútuo; (iii) Verificação de ambiguidades e conflitos existentes nas relações e a construção de normas e regras básicas de convivência. (iv) Pode colaborar e participar no processo de construção de regras no qual os indivíduos estão incluídos, dando suporte aos professores, pais e encarregados de educação, a comunidade e gestores na elaboração de regras que não estejam somente relacionadas ao âmbito pedagógico, mas que estejam, também, voltadas para a organização e fortalecimento das relações entre os alunos, professores e pais e encarregados de educação.

Conclusão 

Depois de várias abordagens desenvolvidas, chega-se à conclusão de que comportamentos desviantes são quaisquer procedimentos que envolvem uma transgressão ou violação de normas e expectativas sociais, o que é considerado desviante por um grupo de indivíduos ou pela comunidade. Esses comportamentos envolvem basicamente o consumo do álcool, drogas diversificadas, que transformam a maneira normal do indivíduo num caos. O sistema escolar pode desempenhar um papel muito importante na prevenção de comportamentos desviantes juvenis. Todavia, a escola e a experiência escolar constituem factores susceptíveis de precipitar a emergência de comportamentos desajustados na criança e no adolescente. Os dados da investigação mais recente acumulados no domínio específico da delinquência são, a este propósito, elucidativos. Em termos gerais, diríamos que a escola será tanto mais eficaz na prevenção do desvio juvenil quanto se assumir como vector essencial do desenvolvimento psicológico do indivíduo. Ao contrário, as instituições escolares podem transformar-se num meio de exclusão, eventualmente potenciador desses problemas (Digneffe, 1986, citado por Campos,1990:245).
Psicólogo



A Contribuição da Psicologia para a Educação

*Custódio Sumbane

Resumo
Este artigo visa essencialmente debruçar sobre a contribuição da Psicologia à Educação. O impacto da Psicologia na Educação decorreu de estudos feitos por psicólogos no ambiente escolar, procurando identificar as múltiplas variáveis das quais o comportamento de ensinar e aprender é função. Três grandes conjuntos de teorias psicológicas que reflectem a maneira pela qual os psicólogos vêem o papel da escola no desenvolvimento psicológico das crianças. Um primeiro conjunto vê a escola como um local privilegiado para a aplicação de conhecimentos derivados de estudos e pesquisas realizados fora do âmbito escolar. Uma segunda maneira de encarar a relação entre a Psicologia e a Educação, acredita que a escola promove o desenvolvimento psicológico, ou seja, o trabalho realizado dentro das salas de aulas no processo ensino-aprendizagem, favorece o desenvolvimento psicológico em vários aspectos sociais, afectivos e cognitivos. Este artigo tem como objectivo geral: Analisar a contribuição da Psicologia à Educação. Com o efeito, definimos como objectivos específicos: (i) Identificar as teorias Psicológicas que contribuíram para o desenvolvimento da educação.(ii)Estabelecer a relação da aplicabilidade da Psicologia ontem, hoje e amanhã. E a metodologia cingiu-se na revisão bibliográfica. Este artigo é importante porque cria baliza no entendimento holístico no que concerne a aplicabilidade da psicologia na educação. A psicologia revolucionou a direcção da educação visto que várias pesquisas de psicólogos na área de educação e aprendizagem tiveram impacto naquilo que é a melhoria da educação. Dai que o psicólogo hoje assume um lugar de extrema consideração embora no nosso contexto não tenha ainda tanto privilégio. 

Palavras-chaves: Psicologia, Psicologia Educacional,Educação.


1. Introdução
Comeste artigo pretende-se abordar sobre a Contribuição da Psicologia à Educação. A aplicação de conhecimentos psicológicos para a compreensão dos processos de desenvolvimento e aprendizagem do aluno não é apenas possível, mas altamente desejável, para não dizer indispensável. As escolas mudaram e muito desta mudança pode legitimamente ser atribuída aos trabalhos de psicólogos preocupados com os processos de desenvolvimento e aprendizagem. Várias foram as contribuições de Psicólogos educacionais e de aprendizagem no processo de melhoramento do ensino. Assim, reflectiu-se no aparecimento de três grupos de teorias psicológicas aplicadas ao ensino, quais sejam: o behaviorismo, o cognitivismo e o humanismo.Em termos de implicações para a educação, podemos dizer que a concepção cognitiva foi tão ou até mais fértil do que a comportamentalista. É inegável a influência que as ideias de Piaget tiveram e ainda têm como teoria explicativa dos vários aspectos do desenvolvimento infantil. Portanto, para uma melhor compreensão debruçar-se-á alguns tópicos patentes no corpo do trabalho, á saber: Psicologia e Educação: Hoje e Amanhã; A Psicologia e a Melhoria da Educação; Psicologia e Educação: Hoje; Psicologia e Educação: Amanhã.

2. Psicologia e Educação: Hoje e Amanhã

Ainda que alguns autores pareçam duvidar desta possibilidade, fica-me a impressão de que a maior parte dos estudiosos admite actualmente que a aplicação de conhecimentos psicológicos para a compreensão dos processos de desenvolvimento e aprendizagem do aluno não é apenas possível, mas altamente desejável, para não dizer indispensável.As escolas mudaram e muito desta mudança pode legitimamente ser atribuída aos trabalhos de psicólogos preocupados com os processos de desenvolvimento e aprendizagem. Lomônaco, (1999:2-3).

3. A Psicologia e a Melhoria da Educação

Mas, de que maneira a Psicologia exerceu sua influência sobre a prática escolar? Poder-se-ia pensar que o impacto da Psicologia na Educação decorreu de estudos feitos por psicólogos no ambiente escolar, procurando identificar as múltiplas variáveis das quais o comportamento de ensinar e aprender é função. Na verdade, os três psicólogos cujo trabalho produziu o maior impacto nas escolas, foramThorndike, Skinner e Piaget. O conhecimento desenvolvido por Thorndike levou à elaboração de livros-texto e dicionários escolares, à modificação de trabalhos literários de modo a torná-los legíveis para as crianças e ao planeamento de procedimentos para o ensino de aritmética e álgebra. Lomônaco, (1999:3).
A partir do trabalho de Skinner, muitas aplicações foram derivadas: instrução programada, sistema personalizado de instrução, técnicas de modelagem de respostas adequadas, exclusão da punição no processo de ensino, sistema de vales etc. Inegável também é a profunda influência das descobertas de Piaget em sala de aula: elaboração de programas para o ensino de ciências e matemática, a utilização dos jogos no contexto escolar e, actualmente (pelo menos em nosso meio), a presença do construtivismo como teoria orientadora do processo de alfabetização.Lomônaco, (s/d:3).Na teoria de Piaget a noção de conflito é fundamental e ela seria a mola propulsorada aprendizagem e do desenvolvimento. Este pode ser gerado a partir de uma situação-problema ou, ainda, a partir de comunicações e informações que apresentem diversidade de pensamento sobre determinado fenômeno.Travalha, (2011:25).
Estes Psicólogos deram o seu contributo no que diz respeito ao avanço do processo de ensino e aprendizagem através do recurso a planificação, elaboração de material didáctica e o uso de recursos e estratégias que pudessem estimular, de certa forma, os alunos (a motivação). 

4. Psicologia e Educação: Hoje

Três grandes conjuntos de teorias psicológicas que reflectem a maneira pela qual os psicólogos vêem o papel da escola no desenvolvimento psicológico das crianças. Um primeiro conjunto vê a escola como um local privilegiado para a aplicação de conhecimentos derivados de estudos e pesquisas realizados fora do âmbito escolar. Uma segunda maneira de encarar a relação entre a Psicologia e a Educação, acredita que a escola promove o desenvolvimento psicológico, ou seja, o trabalho realizado dentro das salas de aulas no processo ensino-aprendizagem, favorece o desenvolvimento psicológico em vários aspectos sociais, afectivos e cognitivos. Um exemplo desse tipo de concepção é a teoria sócio histórica de Vygotsky, que salienta a importância do ensino escolar para o desenvolvimento de conceitos científicos.
Finalmente, a terceira maneira de ver a relação Psicologia-Educação, defende que a escola não é um elemento decisivo para o desenvolvimento psicológico, podendo até mesmo atrapalhá-lo. Inserem-se claramente dentro desta concepção as críticas de Rogers que ele denomina de escola tradicional e algumas vertentes da psicanálise. Lomônaco, (1999:4). Esta maneira de encarar a actuação da psicologia dentro das escolas, em nossos dias, reflectiu-se noaparecimento de três grupos de teorias psicológicas aplicadas ao ensino, quais sejam: o behaviorismo, o cognitivismo e o humanismo.

A abordagem behaviorista, enfatiza grandemente o papel do ambiente no desenvolvimento dos organismos, limitando-se ao estudo dos comportamentosmanifestos e mensuráveis, descartando à consideração de eventos internos que ocorrem na mente do indivíduo e actuariam como mediadores entre os estímulos e as respostas. Não há dúvida de que as implicações desta teoria para o ensino escolar foram muito grandes e directas. Lomônaco, (1999:4).
Para os behavioristas o estimulo-resposta é um elemento crucial para a ocorrência da aprendizagem. Este garante que o comportamento do aluno se manifeste por mais e longo período de tempo. Por exemplo, quando as crianças são motivadas a realizar uma determinada actividade e depois serem recompensados, elas ficam cada vez mais cativadas a realizarem a actividade.

A concepção cognitivista, enfatiza os processos internos através dos quais o mundo exterior é representado dentro do organismo. Contrariamente à abordagem comportamentalista, enfatiza a importância dos eventos que intervém entre o estímulo e a resposta. Lomônaco, (1999:5). As teorias da psicologia do desenvolvimento consideram o ser humano como um ser ativo, construtor de ideias, de sua história e da história humana. Ele seria o próprio construtor de seu desenvolvimento. Mas, desenvolver significa evoluir, ascender na escala natural. Travalha, (2011:25).
A orientação humanística, preocupa-se fundamentalmente com os aspectos afectivos da aprendizagem. Embora afirmando uma preocupação com o ser humano como um todo, sem privilegiar o intelecto, na verdade a ênfase recai sobre aspectos não-cognitivos. O ser humano é visto como possuindo um potencial a ser desenvolvido, com uma natureza que tende naturalmente para a auto-realização desde que possa desenvolver-se em ambiente não-punitivo e não restritivo.Lomônaco, (1999:5).
A abordagem humanista enfatiza que o ser humano apresenta todas as qualidades necessárias para resolver todos os conflitos intra e interpessoal desde o momento que tenha o professor como mediador do processo. O professor, nesta abordagem, é um simples mediador e o aluno o responsável pela efectivação do seu aprendizado. O mesmo tem todas ferramentas necessárias para que o processo ocorra efectivamente.
Em termos de implicações para a educação, podemos dizer que a concepção cognitiva foi tão ou até mais fértil do que a comportamentalista. É inegável a influência que as ideiasde Piaget tiveram e ainda têm como teoria explicativa dos vários aspectos do desenvolvimento infantil. Lomônaco, (1999:5).
Duas outras concepções, advindas da psicologia norte-americana, influenciaram também, ainda que menos intensamente que a teoria piagetiana, a educação escolar. Refiro-me às ideias de Jerome Bruner e David Ausubel sobre o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem em sala de aula.Lomônaco, (1999:5).
JeromeBruner enfatiza a aprendizagem por descoberta, levando o aluno a indutivamente formular princípios e regras gerais, de outro lado, David Ausubel defende a transmissão do conhecimento caminhando do geral para o particular, das definições para os exemplos, à moda de uma boa aula expositiva. Lomônaco, 1999:5-6).
Estes psicólogos contribuíram significativamente no PEA pois Brunner defende a possibilidade de que a aprendizagem por via da descoberta onde o aluno é agente activo neste processo. E esta abordagem enquadra-se no sistema actual de educação onde a educação está centrada no aluno. Vê-se o aluno como agente activo e não como agente passivo e o professor o detentor do conhecimento. Enquanto David Ausebel vê a aprendizagem sob ponto de vista da mecânica e significância. Defende que quando o conteúdo é assimilado e acomodado pode ocorrer a aprendizagem significativa enquanto o simples facto de não conciliar a nova informação com os pontos-de-acoragem (conhecimento anterior) vai desencadear-se na aprendizagem mecaniza ou mecanizada.Esta aprendizagem,vai certamente, dificultar a recuperação da informação nas estruturas cognitivas.

5. Psicologia e Educação: Amanhã

A pré-escola assume assim um papel privilegiado como promotora do desenvolvimento infantil, não apenas nos seus aspectos sociais e afectivos, mas também e principalmente cognitivos. Prevejo que nas próximas décadas psicólogos e educadores se debruçarão sobre este período de vida e sobre este ciclo escolar de maneira muito mais intensa e com muito mais interesse do que até agora. Lomônaco, (1999:8).
Deve-se realçar a ideia de Freud quando dizia nos seus escritos que todos os aspectos vivenciados na infância e na adolescência determinam a personalidade do individuo. Contudo, para dizer que há necessidade de se valorizar a infância como ponto fulcral para a promoção e ocorrência do desenvolvimento integral e harmonioso da personalidade da criança. Se as crianças são educadas num ambiente de turbulência e agressividade provavelmente possam desenvolver uma personalidade agressiva. Portanto, os Psicologos Educacionais, educadores de infância, professores entre outros profissionais devem tomar em conta esta faixa etária como a determinante para o desenvolvimento humano.
Um outro aspecto que atesta o vigor do cognitivismo dentro da psicologiacontemporânea é a inclusão da Psicologia Cognitiva como uma das mais importantes disciplinas integrantes da Ciência Cognitiva, esse esforço multidisciplinar que propõe-se investigar a cognição humana, em seus múltiplos aspectos, através das contribuições de diferentes áreas de conhecimento afins, tais como a Linguística, as Neurociências, a Filosofia, a Inteligência Artificial. Lomônaco, (1999:9).
Um dos grandes méritos da Teoria das Inteligências Múltiplas deHoward Gardner é a ampliar consideravelmente as competências do ser humano, enfatizando capacidades pouco consideradas e/ou valorizadas na vida diária em geral e na escola em particular.Lomônaco, (1999:9).Mostrando ao psicólogo e ao professor que há muito mais talentos num aluno do que eles costumam admitir, esta concepção teórica pode contribuir para que o aluno seja visto de maneira mais favorável, uma vez que de maneira geral, cada um de nós apresenta uma ou mais dessas inteligências bem desenvolvidas. Lomônaco, (1999:9).

6. Conclusão 

Depois de várias abordagens chega-se a conclusão de que a Psicologia desempenha um papel extremamente importante para o avanço da educação, pois fornece ferramentas que possibilitama ocorrênciaeficaz e efectiva da aprendizagem. Auxilia os professores na planificação, selecção de recursos e conteúdos. Para a psicologia deve se planificar e elaborar os curricula tendo em conta o grupo alvo e ainda o nível de desenvolvimento dos alunos. Auxilia na compreensão das dificuldades de aprendizagens, desordens mentais e ainda os factores que favorecem ou inibem a aprendizagem. Varias abordagens teóricas no campo da Psicologia contribui para o entendimento efectivo da educação.As teorias da psicologia do desenvolvimento consideram o ser humano como um ser ativo, construtor de ideias, de sua história e da história humana. Ele seria o próprio construtor de seu desenvolvimento. Mas, desenvolver significa evoluir, ascender na escala natural. 

7. Bibliografia 

LOMÔNACO, José Fernando Bitencourt.Psicologia e Educação: Hoje e Amanhã.São volume 3. Edições campinas, Paulo, 1999.
TRAVALHA, Conceição Clarete Xavier. A Psicologia como Ferramenta do Professor: Aplicações em sala de aula. Belo Horizonte, 2011.
*Psicólogo

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O Poder da Auto-estima

NO mundo em que vivemos têm-se vindo a verificar situações desastrosas que comprometem, de certa maneira, a saúde social, emocional e psicológica das pessoas. Várias dificuldades são vivenciadas e colocam “o palco da emoção” num estado de turbulência e, como consequência, corrompem o alicerce da auto-estima. Essas situações bloqueiam o curso normal das nossas actividades, tanto ao nível de trabalho, familiar, educacional até nas relações interpessoais.
Há pessoas que preferem passar fome, por razões de medo ou vergonha de comprar e revender géneros alimentícios na via pública. Algumas optam em recorrer ao assalto à mão armada a estabelecimentos comerciais ou bancários, com o objectivo de alimentar suas vontades intrínsecas. Outros confundem auto-estima com complexo de superioridade (exibição de carro luxuoso, relógio de marca, vestes, condomínio, trabalho condigno, condições socioeconómicas, estilo de vida estável), enfim. Entretanto, a auto-estima nada tem a ver com o sentimento e os bens anteriormente mencionados, dado que ela se resume em auto-respeito e auto-aceitação, independentemente da sua condição socioeconómica, estilo de vida, grau académico e de moralidade, estado físico, mental e social, etnia, conduta, forma de pensar, idade, cor da pele, hábitos, costumes ou crenças.
É, também, aceitar e respeitar o próximo à sua semelhança. Contudo, é essencial desenvolver um olhar clínico apurado para identificar a real auto-estima do complexo de superioridade. Com base no comportamento do indivíduo, podemos discernir se a auto-estima da pessoa é baixa ou alta. Em verdade, todo o indivíduo com auto-estima alta é humilde, admite os seus erros, sabe ouvir, fala espontaneamente e sem medo de errar, compartilha os seus sentimentos negativos e positivos, aceita-se e respeita-se, executa actividades para o seu bem-estar sem medo de represálias e muito menos de adjectivos negativos que lhe possam atribuir.
É aquele que nunca desiste dos seus sonhos, acredita nas suas potencialidades, ergue a cabeça após uma recaída. Uma pessoa com auto-estima elevada é aquela que tem a capacidade de activar a sua força motivacional interna e virar a página da vida. Assemelhe-se a Abraham Lincoln, que tinha tudo para desistir após várias tentativas, das 1.as às 15.as eleições presidenciais dos Estados Unidos, mas nem com as incontáveis derrotas, contestações e frustrações jamais desistiu.

A Auto-estima e o seu Poder
A auto-estima desenvolve-se e o seu poder equipara-se à fúria das águas do mar, que remove qualquer obstáculo independentemente da sua dimensão. É capaz de tornar o Homem no maior batalhador da história capaz de revolucionar a direcção da sua vida. É desenterrar os projectos esquecidos no tempo. É ignorar a humilhação e desvalorização feita pelo mundo sobre si. É sentir que a sua contribuição como ser existencial pode mudar, de certa maneira, atitudes e comportamentos desviantes que assolam as sociedades actuais.
A título de exemplo, do poder de auto-estima, é do menino Marlon, que passou por uma situação demasiadamente triste e difícil. O menino Marlon era de família humilde, com todas as condições criadas para que fosse um menino de rua, anti-social e mendigo. Perdeu a mãe muito cedo, quando tinha apenas 10 anos de idade, e na altura teve que ser um adulto em miniatura, isto é, cuidar dos seus irmãos mais novos e da sua larga família. A pobreza e o sofrimento tomaram conta dele, chegou a vender lenha numa vila da província de Gaza (Chissano) que se encontrava há sensivelmente 6km da sua residência. Depois de transitar a 5.ª classe, dado que na época não tinha 6.ª classe naquela vila, passou para Maputo para continuar com os estudos.
Chegado a Maputo, a vida tornou-se cada vez mais difícil, e para contornar a situação que vivia vendeu pão pelas ruas e ruelas da cidade. Enquanto se recordava do sofrimento e do esforço que a mãe fazia para lhe proporcionar os primeiros cuidados da vida, cantava a canção da vida, “Ama pau haleno”. Por ver que não lhe rendia absolutamente nada, mudou de negócio. Ensinou as crianças por debaixo do canhoeiro em troca de bens inexistentes. Foi, de facto, frustrante. Ao nascer do Sol, fazia leituras de livros apanhados nas latas de lixo e após aprender viu a necessidade de aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos. Desta feita, abriu uma escolinha de Inglês. Não rendia quase nada, mas o pouco (50 centavos) que ganhava pagava propinas e comprava alguns livros escolares. Mas o mais agravante é que não tinha casa para viver nem géneros alimentícios para se alimentar. Entretanto, apesar de noites perdidas por debaixo das árvores, não perdeu e nem desistiu dos seus projectos de vida. Ele sempre sonhou em ser cientista e maior educador de todos os tempos. Não temia represália, descriminação e muito menos injúrias sociais. Foi humilhado e incansavelmente atitudes bárbaras foram acometidas sobre si, mas nem com isso os fenómenos psicossociais não aterrorizaram os “solos da sua emoção”. Apesar de todas as contestações jamais desistira.
A sua frequência universitária foi na base de sofrimento, pois percorria longas distâncias a pé. Não tinha dinheiro para pagar propinas, muito menos transporte, mas o poder da auto-estima o tornou em maior vencedor de todos os tempos. Hoje é um pequeno cientista, jovem humilde e educador. Revolucionou a página da sua vida contornando todas as humilhações, represálias, frustrações e acima de tudo barreiras.
Portanto, isto nos faz acreditar que o Homem é capaz de inverter qualquer situação da sua vida desde o momento que impulsione a sua força motivacional interna, a auto-estima. Sejais como o menino Marlon, que permitiu que o poder da sua auto-estima iluminasse a sua vida. Revolucione a página da sua vida!
Custódio Sumbane & Salvador Cumbula