Custódio Sumbane
Introdução
Pretende-se
neste artigo abordar sobre comportamentos desviantes, suas influências e
estratégias de intervenção psicológica. No nosso dia-a-dia, deparamo-nos com
dilemas que fazem com que não tenhamos alegria no anfiteatro ou nos solos da
nossa emoção, ou seja, sem saber como lidar com eles ou mesmo superá-los.
Há
comportamentos que em algum momento bloqueiam o curso normal do anfiteatro da
nossa estrutura cognitiva, podendo, de alguma forma, causar danos a nível
emocional, cognitivo e até social. O consumo e abuso de álcool, drogas
opióides-heroina, morfina, metadona, LSD, mescalina, psilocibina e marijuana e
o haxixe são alguns dos comportamentos desviantes que aceleram de certa maneira
a ruptura na maneira como as pessoas se comportam.
Existem
vários tipos de categorias de drogas que estão tipicamente associadas a
situações de abuso e/ou dependência, tais como os depressores estimulantes,
alucinogénios e canabinóides.
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Comportamento Desviante
Comportamento
desviante é aquele que envolve uma transgressão ou violação de normas e
expectativas sociais ou que é considerado desviante por um grupo de indivíduos
ou pela comunidade. Por exemplo, uma intervenção a nível de um problema como o
consumo de drogas. Campos, (1990:219).
As
teorias da reacção social sustentam que o significado que se atribui a um
determinado comportamento é bastante mais importante do que o comportamento
considerado na sua realidade objectiva. As abordagens tradicionais e modernas
baseiam-se em pressupostos teóricos e filosóficos bastante distantes ou mesmo
contraditórias, as quais envolvem a utilização de grelhas de análise e métodos
de investigação específicos.
Existem
quatro tipos de categorias de drogas que estão tipicamente associadas a
situações de abuso e/ou dependência, a saber:
Os
depressores (álcool, drogas opióides-heroina, morfina, metadona, codeína),
estimulantes (anfetaminas e a cocaína), alucinogénios (LSD, mescalina, a
psilocibina) e canabinóides (marijuana e o haxixe). Campos, (1990: 219-222).
A
literatura tem demonstrado a existência de uma clara associação entre o uso de
drogas e fraco rendimento escolar. Um dado largamente referenciado na
literatura prende-se com a relação observada entre o uso de drogas e o
envolvimento do adolescente em actividades delinquentes e anti-sociais. Smart
& Fejer, (1972), citado por Campos, (1990:224).
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Delinquência Juvenil
Delinquente
é assim considerado a partir do momento em que o indivíduo é alvo de uma acção
judicial de que dependerá resultar a sua punição. Uma classificação que reúne
um considerável consenso agrupa os actos delinquentes com base no seguinte
critério: delinquência menor (actos considerados ilegais devido,
exclusivamente, à idade do transgressor); delinquência de predação (prática de
actos de gravidade média como o vandalismo e o roubo) e delinquência agressiva
(actos de maior gravidade, como o homicídio, o rapto ou a violação, os quais
implicam a utilização da força física).
No que
diz respeito aos aspectos gerais de álcool e de drogas na adolescência, os
resultados obtidos nos estudos feitos raramente fornecem dados convergentes
acerca das características que o problema assume na adolescência. Não obstante,
a diversidade de resultados é, no entanto, possível enunciar algumas conclusões
comuns à maioria das investigações realizadas neste domínio. A primeira diz
respeito ao tipo de substâncias psicotrópicas que são mais frequentemente
utilizadas pelo adolescente.
No
Canadá, por exemplo, um inquérito conduzido em 1984 junto de 1683 alunos a
frequentarem 34 escolas francófonas, revelou que as drogas mais utilizadas
foram, por ordem decrescente, o álcool (42,7%), o tabaco (29,7%), a canábis
(15%), os medicamentos (3,8%), a cocaína (3,8%) e a cola (0,8 %). Outros
estudos realizados em Portugal junto de 312 estudantes a frequentar seis
escolas secundárias indicou, igualmente, que o álcool constituía a droga mais
utilizada pelos jovens (35,9%), seguindo-se o consumo de tabaco (25,2%) e o uso
de drogas ilícitas (7,5%), cujos tipos não foram especificados neste estudo,
Carvalho (1983), citado por Campos (1990:223).
No que
se refere à repartição do consumo de drogas e álcool em função de variáveis
como a idade ou sexo, verifica-se, de um modo geral, que a frequência do
consumo aumenta proporcionalmente com a idade e que é maior nos rapazes do que
nas raparigas. Outro dado comum à maioria das investigações diz respeito ao que
se designa, habitualmente, por consumo cumulativo de drogas. Carvalho (1983):
Braucht (1982) citado por Campos (1990:223).
VÁRIAS
pesquisas foram realizadas em várias partes do mundo como Canadá, Estados
Unidos da América, França, Portugal, entre outros pontos de referência, e
revelam claramente que as drogas psicotrópicas e o consumo do álcool têm
assolado a camada juvenil, visto que esta é uma fase de muita crise em que os
adolescentes sofrem influência social, isto é, influência dos amigos, da
escola, igreja, família e modelos sociais.
As
frustrações e pressão social podem levar a que os adolescentes se refugiem nas
drogas como forma de busca do sentido da vida e de auto-afirmação.
A nível
familiar: As formas mais graves de consumo
de drogas seriam, predominantemente, em ambiente familiar. Qualquer que seja a
importância que se atribua à família na iniciação do adolescente no uso de
álcool e drogas, parece demonstrado que relações familiares positivas
desencorajam o consumo daquelas substâncias, enquanto a instabilidade familiar
e o divórcio podem promover o consumo. O abuso de drogas é como um fenómeno que
afecta o sistema familiar no seu conjunto, desencadeando reacções e mecanismos
de resposta de todos os seus membros. Baumrind (1980), citado por Campos
(1990:226).
O grupo
de companheiros: Parece ser dominante não só em
influenciar as atitudes do adolescente em relação ao álcool e drogas, mas
igualmente em fornecer contextos para o uso daquelas substâncias. Investigações
demonstram a existência de uma forte correlação entre o uso de drogas pelo
adolescente e o uso de drogas pelo grupo de amigos (Stanton, 1979, citado por
Campos, 1990:227).
Perspectivas
de intervenção psicológica
As diferentes
estratégias de controlo do abuso do álcool e drogas poderão ser globalmente
incluídas em três domínios gerais de intervenção: prevenção, tratamento e
reinserção ou reabilitação.
Se
considerarmos que o abuso de drogas é um fenómeno de adolescência, facilmente
se reconhecerá a importância da escola enquanto agente dinamizador de acções
orientadas para a sua prevenção (Botvin, 1983, citado por Campos, 1990:232).
De
referir que o psicólogo pode adoptar várias estratégias ou perspectivas de
intervenção para contribuir no que diz respeito ao fortalecimento das regras e
relações interpessoais. E esta intervenção pode ser feita da seguinte maneira: (i)
Aplicação de estratégias para o desenvolvimento de uma comunicação interpessoal
saudável entre a família e os adolescentes; (ii) A construção de um
ambiente de confiança e de respeito mútuo; (iii) Verificação de
ambiguidades e conflitos existentes nas relações e a construção de normas e
regras básicas de convivência. (iv) Pode colaborar e participar no
processo de construção de regras no qual os indivíduos estão incluídos, dando
suporte aos professores, pais e encarregados de educação, a comunidade e
gestores na elaboração de regras que não estejam somente relacionadas ao âmbito
pedagógico, mas que estejam, também, voltadas para a organização e
fortalecimento das relações entre os alunos, professores e pais e encarregados
de educação.
Conclusão
Depois
de várias abordagens desenvolvidas, chega-se à conclusão de que comportamentos
desviantes são quaisquer procedimentos que envolvem uma transgressão ou
violação de normas e expectativas sociais, o que é considerado desviante por um
grupo de indivíduos ou pela comunidade. Esses comportamentos envolvem
basicamente o consumo do álcool, drogas diversificadas, que transformam a
maneira normal do indivíduo num caos. O sistema escolar pode desempenhar um
papel muito importante na prevenção de comportamentos desviantes juvenis.
Todavia, a escola e a experiência escolar constituem factores susceptíveis de
precipitar a emergência de comportamentos desajustados na criança e no
adolescente. Os dados da investigação mais recente acumulados no domínio
específico da delinquência são, a este propósito, elucidativos. Em termos
gerais, diríamos que a escola será tanto mais eficaz na prevenção do desvio
juvenil quanto se assumir como vector essencial do desenvolvimento psicológico
do indivíduo. Ao contrário, as instituições escolares podem transformar-se num
meio de exclusão, eventualmente potenciador desses problemas (Digneffe, 1986,
citado por Campos,1990:245).
Psicólogo