segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O Poder da Auto-estima

NO mundo em que vivemos têm-se vindo a verificar situações desastrosas que comprometem, de certa maneira, a saúde social, emocional e psicológica das pessoas. Várias dificuldades são vivenciadas e colocam “o palco da emoção” num estado de turbulência e, como consequência, corrompem o alicerce da auto-estima. Essas situações bloqueiam o curso normal das nossas actividades, tanto ao nível de trabalho, familiar, educacional até nas relações interpessoais.
Há pessoas que preferem passar fome, por razões de medo ou vergonha de comprar e revender géneros alimentícios na via pública. Algumas optam em recorrer ao assalto à mão armada a estabelecimentos comerciais ou bancários, com o objectivo de alimentar suas vontades intrínsecas. Outros confundem auto-estima com complexo de superioridade (exibição de carro luxuoso, relógio de marca, vestes, condomínio, trabalho condigno, condições socioeconómicas, estilo de vida estável), enfim. Entretanto, a auto-estima nada tem a ver com o sentimento e os bens anteriormente mencionados, dado que ela se resume em auto-respeito e auto-aceitação, independentemente da sua condição socioeconómica, estilo de vida, grau académico e de moralidade, estado físico, mental e social, etnia, conduta, forma de pensar, idade, cor da pele, hábitos, costumes ou crenças.
É, também, aceitar e respeitar o próximo à sua semelhança. Contudo, é essencial desenvolver um olhar clínico apurado para identificar a real auto-estima do complexo de superioridade. Com base no comportamento do indivíduo, podemos discernir se a auto-estima da pessoa é baixa ou alta. Em verdade, todo o indivíduo com auto-estima alta é humilde, admite os seus erros, sabe ouvir, fala espontaneamente e sem medo de errar, compartilha os seus sentimentos negativos e positivos, aceita-se e respeita-se, executa actividades para o seu bem-estar sem medo de represálias e muito menos de adjectivos negativos que lhe possam atribuir.
É aquele que nunca desiste dos seus sonhos, acredita nas suas potencialidades, ergue a cabeça após uma recaída. Uma pessoa com auto-estima elevada é aquela que tem a capacidade de activar a sua força motivacional interna e virar a página da vida. Assemelhe-se a Abraham Lincoln, que tinha tudo para desistir após várias tentativas, das 1.as às 15.as eleições presidenciais dos Estados Unidos, mas nem com as incontáveis derrotas, contestações e frustrações jamais desistiu.

A Auto-estima e o seu Poder
A auto-estima desenvolve-se e o seu poder equipara-se à fúria das águas do mar, que remove qualquer obstáculo independentemente da sua dimensão. É capaz de tornar o Homem no maior batalhador da história capaz de revolucionar a direcção da sua vida. É desenterrar os projectos esquecidos no tempo. É ignorar a humilhação e desvalorização feita pelo mundo sobre si. É sentir que a sua contribuição como ser existencial pode mudar, de certa maneira, atitudes e comportamentos desviantes que assolam as sociedades actuais.
A título de exemplo, do poder de auto-estima, é do menino Marlon, que passou por uma situação demasiadamente triste e difícil. O menino Marlon era de família humilde, com todas as condições criadas para que fosse um menino de rua, anti-social e mendigo. Perdeu a mãe muito cedo, quando tinha apenas 10 anos de idade, e na altura teve que ser um adulto em miniatura, isto é, cuidar dos seus irmãos mais novos e da sua larga família. A pobreza e o sofrimento tomaram conta dele, chegou a vender lenha numa vila da província de Gaza (Chissano) que se encontrava há sensivelmente 6km da sua residência. Depois de transitar a 5.ª classe, dado que na época não tinha 6.ª classe naquela vila, passou para Maputo para continuar com os estudos.
Chegado a Maputo, a vida tornou-se cada vez mais difícil, e para contornar a situação que vivia vendeu pão pelas ruas e ruelas da cidade. Enquanto se recordava do sofrimento e do esforço que a mãe fazia para lhe proporcionar os primeiros cuidados da vida, cantava a canção da vida, “Ama pau haleno”. Por ver que não lhe rendia absolutamente nada, mudou de negócio. Ensinou as crianças por debaixo do canhoeiro em troca de bens inexistentes. Foi, de facto, frustrante. Ao nascer do Sol, fazia leituras de livros apanhados nas latas de lixo e após aprender viu a necessidade de aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos. Desta feita, abriu uma escolinha de Inglês. Não rendia quase nada, mas o pouco (50 centavos) que ganhava pagava propinas e comprava alguns livros escolares. Mas o mais agravante é que não tinha casa para viver nem géneros alimentícios para se alimentar. Entretanto, apesar de noites perdidas por debaixo das árvores, não perdeu e nem desistiu dos seus projectos de vida. Ele sempre sonhou em ser cientista e maior educador de todos os tempos. Não temia represália, descriminação e muito menos injúrias sociais. Foi humilhado e incansavelmente atitudes bárbaras foram acometidas sobre si, mas nem com isso os fenómenos psicossociais não aterrorizaram os “solos da sua emoção”. Apesar de todas as contestações jamais desistira.
A sua frequência universitária foi na base de sofrimento, pois percorria longas distâncias a pé. Não tinha dinheiro para pagar propinas, muito menos transporte, mas o poder da auto-estima o tornou em maior vencedor de todos os tempos. Hoje é um pequeno cientista, jovem humilde e educador. Revolucionou a página da sua vida contornando todas as humilhações, represálias, frustrações e acima de tudo barreiras.
Portanto, isto nos faz acreditar que o Homem é capaz de inverter qualquer situação da sua vida desde o momento que impulsione a sua força motivacional interna, a auto-estima. Sejais como o menino Marlon, que permitiu que o poder da sua auto-estima iluminasse a sua vida. Revolucione a página da sua vida!
Custódio Sumbane & Salvador Cumbula


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