sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Intervenção Psicológica para Comportamentos Desviantes

Custódio Sumbane

Introdução

Pretende-se neste artigo abordar sobre comportamentos desviantes, suas influências e estratégias de intervenção psicológica. No nosso dia-a-dia, deparamo-nos com dilemas que fazem com que não tenhamos alegria no anfiteatro ou nos solos da nossa emoção, ou seja, sem saber como lidar com eles ou mesmo superá-los.
Há comportamentos que em algum momento bloqueiam o curso normal do anfiteatro da nossa estrutura cognitiva, podendo, de alguma forma, causar danos a nível emocional, cognitivo e até social. O consumo e abuso de álcool, drogas opióides-heroina, morfina, metadona, LSD, mescalina, psilocibina e marijuana e o haxixe são alguns dos comportamentos desviantes que aceleram de certa maneira a ruptura na maneira como as pessoas se comportam.
Existem vários tipos de categorias de drogas que estão tipicamente associadas a situações de abuso e/ou dependência, tais como os depressores estimulantes, alucinogénios e canabinóides.

•         Comportamento Desviante

Comportamento desviante é aquele que envolve uma transgressão ou violação de normas e expectativas sociais ou que é considerado desviante por um grupo de indivíduos ou pela comunidade. Por exemplo, uma intervenção a nível de um problema como o consumo de drogas. Campos, (1990:219).
As teorias da reacção social sustentam que o significado que se atribui a um determinado comportamento é bastante mais importante do que o comportamento considerado na sua realidade objectiva. As abordagens tradicionais e modernas baseiam-se em pressupostos teóricos e filosóficos bastante distantes ou mesmo contraditórias, as quais envolvem a utilização de grelhas de análise e métodos de investigação específicos.
Existem quatro tipos de categorias de drogas que estão tipicamente associadas a situações de abuso e/ou dependência, a saber:
Os depressores (álcool, drogas opióides-heroina, morfina, metadona, codeína), estimulantes (anfetaminas e a cocaína), alucinogénios (LSD, mescalina, a psilocibina) e canabinóides (marijuana e o haxixe). Campos, (1990: 219-222).
A literatura tem demonstrado a existência de uma clara associação entre o uso de drogas e fraco rendimento escolar. Um dado largamente referenciado na literatura prende-se com a relação observada entre o uso de drogas e o envolvimento do adolescente em actividades delinquentes e anti-sociais. Smart & Fejer, (1972), citado por Campos, (1990:224).

•         Delinquência Juvenil

Delinquente é assim considerado a partir do momento em que o indivíduo é alvo de uma acção judicial de que dependerá resultar a sua punição. Uma classificação que reúne um considerável consenso agrupa os actos delinquentes com base no seguinte critério: delinquência menor (actos considerados ilegais devido, exclusivamente, à idade do transgressor); delinquência de predação (prática de actos de gravidade média como o vandalismo e o roubo) e delinquência agressiva (actos de maior gravidade, como o homicídio, o rapto ou a violação, os quais implicam a utilização da força física).
No que diz respeito aos aspectos gerais de álcool e de drogas na adolescência, os resultados obtidos nos estudos feitos raramente fornecem dados convergentes acerca das características que o problema assume na adolescência. Não obstante, a diversidade de resultados é, no entanto, possível enunciar algumas conclusões comuns à maioria das investigações realizadas neste domínio. A primeira diz respeito ao tipo de substâncias psicotrópicas que são mais frequentemente utilizadas pelo adolescente.

No Canadá, por exemplo, um inquérito conduzido em 1984 junto de 1683 alunos a frequentarem 34 escolas francófonas, revelou que as drogas mais utilizadas foram, por ordem decrescente, o álcool (42,7%), o tabaco (29,7%), a canábis (15%), os medicamentos (3,8%), a cocaína (3,8%) e a cola (0,8 %). Outros estudos realizados em Portugal junto de 312 estudantes a frequentar seis escolas secundárias indicou, igualmente, que o álcool constituía a droga mais utilizada pelos jovens (35,9%), seguindo-se o consumo de tabaco (25,2%) e o uso de drogas ilícitas (7,5%), cujos tipos não foram especificados neste estudo, Carvalho (1983), citado por Campos (1990:223).

No que se refere à repartição do consumo de drogas e álcool em função de variáveis como a idade ou sexo, verifica-se, de um modo geral, que a frequência do consumo aumenta proporcionalmente com a idade e que é maior nos rapazes do que nas raparigas. Outro dado comum à maioria das investigações diz respeito ao que se designa, habitualmente, por consumo cumulativo de drogas. Carvalho (1983): Braucht (1982) citado por Campos (1990:223).
VÁRIAS pesquisas foram realizadas em várias partes do mundo como Canadá, Estados Unidos da América, França, Portugal, entre outros pontos de referência, e revelam claramente que as drogas psicotrópicas e o consumo do álcool têm assolado a camada juvenil, visto que esta é uma fase de muita crise em que os adolescentes sofrem influência social, isto é, influência dos amigos, da escola, igreja, família e modelos sociais.
As frustrações e pressão social podem levar a que os adolescentes se refugiem nas drogas como forma de busca do sentido da vida e de auto-afirmação.

A nível familiar: As formas mais graves de consumo de drogas seriam, predominantemente, em ambiente familiar. Qualquer que seja a importância que se atribua à família na iniciação do adolescente no uso de álcool e drogas, parece demonstrado que relações familiares positivas desencorajam o consumo daquelas substâncias, enquanto a instabilidade familiar e o divórcio podem promover o consumo. O abuso de drogas é como um fenómeno que afecta o sistema familiar no seu conjunto, desencadeando reacções e mecanismos de resposta de todos os seus membros. Baumrind (1980), citado por Campos (1990:226).

O grupo de companheiros: Parece ser dominante não só em influenciar as atitudes do adolescente em relação ao álcool e drogas, mas igualmente em fornecer contextos para o uso daquelas substâncias. Investigações demonstram a existência de uma forte correlação entre o uso de drogas pelo adolescente e o uso de drogas pelo grupo de amigos (Stanton, 1979, citado por Campos, 1990:227).

Perspectivas de intervenção psicológica

As diferentes estratégias de controlo do abuso do álcool e drogas poderão ser globalmente incluídas em três domínios gerais de intervenção: prevenção, tratamento e reinserção ou reabilitação.
Se considerarmos que o abuso de drogas é um fenómeno de adolescência, facilmente se reconhecerá a importância da escola enquanto agente dinamizador de acções orientadas para a sua prevenção (Botvin, 1983, citado por Campos, 1990:232).
De referir que o psicólogo pode adoptar várias estratégias ou perspectivas de intervenção para contribuir no que diz respeito ao fortalecimento das regras e relações interpessoais. E esta intervenção pode ser feita da seguinte maneira: (i) Aplicação de estratégias para o desenvolvimento de uma comunicação interpessoal saudável entre a família e os adolescentes; (ii) A construção de um ambiente de confiança e de respeito mútuo; (iii) Verificação de ambiguidades e conflitos existentes nas relações e a construção de normas e regras básicas de convivência. (iv) Pode colaborar e participar no processo de construção de regras no qual os indivíduos estão incluídos, dando suporte aos professores, pais e encarregados de educação, a comunidade e gestores na elaboração de regras que não estejam somente relacionadas ao âmbito pedagógico, mas que estejam, também, voltadas para a organização e fortalecimento das relações entre os alunos, professores e pais e encarregados de educação.

Conclusão 

Depois de várias abordagens desenvolvidas, chega-se à conclusão de que comportamentos desviantes são quaisquer procedimentos que envolvem uma transgressão ou violação de normas e expectativas sociais, o que é considerado desviante por um grupo de indivíduos ou pela comunidade. Esses comportamentos envolvem basicamente o consumo do álcool, drogas diversificadas, que transformam a maneira normal do indivíduo num caos. O sistema escolar pode desempenhar um papel muito importante na prevenção de comportamentos desviantes juvenis. Todavia, a escola e a experiência escolar constituem factores susceptíveis de precipitar a emergência de comportamentos desajustados na criança e no adolescente. Os dados da investigação mais recente acumulados no domínio específico da delinquência são, a este propósito, elucidativos. Em termos gerais, diríamos que a escola será tanto mais eficaz na prevenção do desvio juvenil quanto se assumir como vector essencial do desenvolvimento psicológico do indivíduo. Ao contrário, as instituições escolares podem transformar-se num meio de exclusão, eventualmente potenciador desses problemas (Digneffe, 1986, citado por Campos,1990:245).
Psicólogo



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