sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A Contribuição da Psicologia para a Educação

*Custódio Sumbane

Resumo
Este artigo visa essencialmente debruçar sobre a contribuição da Psicologia à Educação. O impacto da Psicologia na Educação decorreu de estudos feitos por psicólogos no ambiente escolar, procurando identificar as múltiplas variáveis das quais o comportamento de ensinar e aprender é função. Três grandes conjuntos de teorias psicológicas que reflectem a maneira pela qual os psicólogos vêem o papel da escola no desenvolvimento psicológico das crianças. Um primeiro conjunto vê a escola como um local privilegiado para a aplicação de conhecimentos derivados de estudos e pesquisas realizados fora do âmbito escolar. Uma segunda maneira de encarar a relação entre a Psicologia e a Educação, acredita que a escola promove o desenvolvimento psicológico, ou seja, o trabalho realizado dentro das salas de aulas no processo ensino-aprendizagem, favorece o desenvolvimento psicológico em vários aspectos sociais, afectivos e cognitivos. Este artigo tem como objectivo geral: Analisar a contribuição da Psicologia à Educação. Com o efeito, definimos como objectivos específicos: (i) Identificar as teorias Psicológicas que contribuíram para o desenvolvimento da educação.(ii)Estabelecer a relação da aplicabilidade da Psicologia ontem, hoje e amanhã. E a metodologia cingiu-se na revisão bibliográfica. Este artigo é importante porque cria baliza no entendimento holístico no que concerne a aplicabilidade da psicologia na educação. A psicologia revolucionou a direcção da educação visto que várias pesquisas de psicólogos na área de educação e aprendizagem tiveram impacto naquilo que é a melhoria da educação. Dai que o psicólogo hoje assume um lugar de extrema consideração embora no nosso contexto não tenha ainda tanto privilégio. 

Palavras-chaves: Psicologia, Psicologia Educacional,Educação.


1. Introdução
Comeste artigo pretende-se abordar sobre a Contribuição da Psicologia à Educação. A aplicação de conhecimentos psicológicos para a compreensão dos processos de desenvolvimento e aprendizagem do aluno não é apenas possível, mas altamente desejável, para não dizer indispensável. As escolas mudaram e muito desta mudança pode legitimamente ser atribuída aos trabalhos de psicólogos preocupados com os processos de desenvolvimento e aprendizagem. Várias foram as contribuições de Psicólogos educacionais e de aprendizagem no processo de melhoramento do ensino. Assim, reflectiu-se no aparecimento de três grupos de teorias psicológicas aplicadas ao ensino, quais sejam: o behaviorismo, o cognitivismo e o humanismo.Em termos de implicações para a educação, podemos dizer que a concepção cognitiva foi tão ou até mais fértil do que a comportamentalista. É inegável a influência que as ideias de Piaget tiveram e ainda têm como teoria explicativa dos vários aspectos do desenvolvimento infantil. Portanto, para uma melhor compreensão debruçar-se-á alguns tópicos patentes no corpo do trabalho, á saber: Psicologia e Educação: Hoje e Amanhã; A Psicologia e a Melhoria da Educação; Psicologia e Educação: Hoje; Psicologia e Educação: Amanhã.

2. Psicologia e Educação: Hoje e Amanhã

Ainda que alguns autores pareçam duvidar desta possibilidade, fica-me a impressão de que a maior parte dos estudiosos admite actualmente que a aplicação de conhecimentos psicológicos para a compreensão dos processos de desenvolvimento e aprendizagem do aluno não é apenas possível, mas altamente desejável, para não dizer indispensável.As escolas mudaram e muito desta mudança pode legitimamente ser atribuída aos trabalhos de psicólogos preocupados com os processos de desenvolvimento e aprendizagem. Lomônaco, (1999:2-3).

3. A Psicologia e a Melhoria da Educação

Mas, de que maneira a Psicologia exerceu sua influência sobre a prática escolar? Poder-se-ia pensar que o impacto da Psicologia na Educação decorreu de estudos feitos por psicólogos no ambiente escolar, procurando identificar as múltiplas variáveis das quais o comportamento de ensinar e aprender é função. Na verdade, os três psicólogos cujo trabalho produziu o maior impacto nas escolas, foramThorndike, Skinner e Piaget. O conhecimento desenvolvido por Thorndike levou à elaboração de livros-texto e dicionários escolares, à modificação de trabalhos literários de modo a torná-los legíveis para as crianças e ao planeamento de procedimentos para o ensino de aritmética e álgebra. Lomônaco, (1999:3).
A partir do trabalho de Skinner, muitas aplicações foram derivadas: instrução programada, sistema personalizado de instrução, técnicas de modelagem de respostas adequadas, exclusão da punição no processo de ensino, sistema de vales etc. Inegável também é a profunda influência das descobertas de Piaget em sala de aula: elaboração de programas para o ensino de ciências e matemática, a utilização dos jogos no contexto escolar e, actualmente (pelo menos em nosso meio), a presença do construtivismo como teoria orientadora do processo de alfabetização.Lomônaco, (s/d:3).Na teoria de Piaget a noção de conflito é fundamental e ela seria a mola propulsorada aprendizagem e do desenvolvimento. Este pode ser gerado a partir de uma situação-problema ou, ainda, a partir de comunicações e informações que apresentem diversidade de pensamento sobre determinado fenômeno.Travalha, (2011:25).
Estes Psicólogos deram o seu contributo no que diz respeito ao avanço do processo de ensino e aprendizagem através do recurso a planificação, elaboração de material didáctica e o uso de recursos e estratégias que pudessem estimular, de certa forma, os alunos (a motivação). 

4. Psicologia e Educação: Hoje

Três grandes conjuntos de teorias psicológicas que reflectem a maneira pela qual os psicólogos vêem o papel da escola no desenvolvimento psicológico das crianças. Um primeiro conjunto vê a escola como um local privilegiado para a aplicação de conhecimentos derivados de estudos e pesquisas realizados fora do âmbito escolar. Uma segunda maneira de encarar a relação entre a Psicologia e a Educação, acredita que a escola promove o desenvolvimento psicológico, ou seja, o trabalho realizado dentro das salas de aulas no processo ensino-aprendizagem, favorece o desenvolvimento psicológico em vários aspectos sociais, afectivos e cognitivos. Um exemplo desse tipo de concepção é a teoria sócio histórica de Vygotsky, que salienta a importância do ensino escolar para o desenvolvimento de conceitos científicos.
Finalmente, a terceira maneira de ver a relação Psicologia-Educação, defende que a escola não é um elemento decisivo para o desenvolvimento psicológico, podendo até mesmo atrapalhá-lo. Inserem-se claramente dentro desta concepção as críticas de Rogers que ele denomina de escola tradicional e algumas vertentes da psicanálise. Lomônaco, (1999:4). Esta maneira de encarar a actuação da psicologia dentro das escolas, em nossos dias, reflectiu-se noaparecimento de três grupos de teorias psicológicas aplicadas ao ensino, quais sejam: o behaviorismo, o cognitivismo e o humanismo.

A abordagem behaviorista, enfatiza grandemente o papel do ambiente no desenvolvimento dos organismos, limitando-se ao estudo dos comportamentosmanifestos e mensuráveis, descartando à consideração de eventos internos que ocorrem na mente do indivíduo e actuariam como mediadores entre os estímulos e as respostas. Não há dúvida de que as implicações desta teoria para o ensino escolar foram muito grandes e directas. Lomônaco, (1999:4).
Para os behavioristas o estimulo-resposta é um elemento crucial para a ocorrência da aprendizagem. Este garante que o comportamento do aluno se manifeste por mais e longo período de tempo. Por exemplo, quando as crianças são motivadas a realizar uma determinada actividade e depois serem recompensados, elas ficam cada vez mais cativadas a realizarem a actividade.

A concepção cognitivista, enfatiza os processos internos através dos quais o mundo exterior é representado dentro do organismo. Contrariamente à abordagem comportamentalista, enfatiza a importância dos eventos que intervém entre o estímulo e a resposta. Lomônaco, (1999:5). As teorias da psicologia do desenvolvimento consideram o ser humano como um ser ativo, construtor de ideias, de sua história e da história humana. Ele seria o próprio construtor de seu desenvolvimento. Mas, desenvolver significa evoluir, ascender na escala natural. Travalha, (2011:25).
A orientação humanística, preocupa-se fundamentalmente com os aspectos afectivos da aprendizagem. Embora afirmando uma preocupação com o ser humano como um todo, sem privilegiar o intelecto, na verdade a ênfase recai sobre aspectos não-cognitivos. O ser humano é visto como possuindo um potencial a ser desenvolvido, com uma natureza que tende naturalmente para a auto-realização desde que possa desenvolver-se em ambiente não-punitivo e não restritivo.Lomônaco, (1999:5).
A abordagem humanista enfatiza que o ser humano apresenta todas as qualidades necessárias para resolver todos os conflitos intra e interpessoal desde o momento que tenha o professor como mediador do processo. O professor, nesta abordagem, é um simples mediador e o aluno o responsável pela efectivação do seu aprendizado. O mesmo tem todas ferramentas necessárias para que o processo ocorra efectivamente.
Em termos de implicações para a educação, podemos dizer que a concepção cognitiva foi tão ou até mais fértil do que a comportamentalista. É inegável a influência que as ideiasde Piaget tiveram e ainda têm como teoria explicativa dos vários aspectos do desenvolvimento infantil. Lomônaco, (1999:5).
Duas outras concepções, advindas da psicologia norte-americana, influenciaram também, ainda que menos intensamente que a teoria piagetiana, a educação escolar. Refiro-me às ideias de Jerome Bruner e David Ausubel sobre o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem em sala de aula.Lomônaco, (1999:5).
JeromeBruner enfatiza a aprendizagem por descoberta, levando o aluno a indutivamente formular princípios e regras gerais, de outro lado, David Ausubel defende a transmissão do conhecimento caminhando do geral para o particular, das definições para os exemplos, à moda de uma boa aula expositiva. Lomônaco, 1999:5-6).
Estes psicólogos contribuíram significativamente no PEA pois Brunner defende a possibilidade de que a aprendizagem por via da descoberta onde o aluno é agente activo neste processo. E esta abordagem enquadra-se no sistema actual de educação onde a educação está centrada no aluno. Vê-se o aluno como agente activo e não como agente passivo e o professor o detentor do conhecimento. Enquanto David Ausebel vê a aprendizagem sob ponto de vista da mecânica e significância. Defende que quando o conteúdo é assimilado e acomodado pode ocorrer a aprendizagem significativa enquanto o simples facto de não conciliar a nova informação com os pontos-de-acoragem (conhecimento anterior) vai desencadear-se na aprendizagem mecaniza ou mecanizada.Esta aprendizagem,vai certamente, dificultar a recuperação da informação nas estruturas cognitivas.

5. Psicologia e Educação: Amanhã

A pré-escola assume assim um papel privilegiado como promotora do desenvolvimento infantil, não apenas nos seus aspectos sociais e afectivos, mas também e principalmente cognitivos. Prevejo que nas próximas décadas psicólogos e educadores se debruçarão sobre este período de vida e sobre este ciclo escolar de maneira muito mais intensa e com muito mais interesse do que até agora. Lomônaco, (1999:8).
Deve-se realçar a ideia de Freud quando dizia nos seus escritos que todos os aspectos vivenciados na infância e na adolescência determinam a personalidade do individuo. Contudo, para dizer que há necessidade de se valorizar a infância como ponto fulcral para a promoção e ocorrência do desenvolvimento integral e harmonioso da personalidade da criança. Se as crianças são educadas num ambiente de turbulência e agressividade provavelmente possam desenvolver uma personalidade agressiva. Portanto, os Psicologos Educacionais, educadores de infância, professores entre outros profissionais devem tomar em conta esta faixa etária como a determinante para o desenvolvimento humano.
Um outro aspecto que atesta o vigor do cognitivismo dentro da psicologiacontemporânea é a inclusão da Psicologia Cognitiva como uma das mais importantes disciplinas integrantes da Ciência Cognitiva, esse esforço multidisciplinar que propõe-se investigar a cognição humana, em seus múltiplos aspectos, através das contribuições de diferentes áreas de conhecimento afins, tais como a Linguística, as Neurociências, a Filosofia, a Inteligência Artificial. Lomônaco, (1999:9).
Um dos grandes méritos da Teoria das Inteligências Múltiplas deHoward Gardner é a ampliar consideravelmente as competências do ser humano, enfatizando capacidades pouco consideradas e/ou valorizadas na vida diária em geral e na escola em particular.Lomônaco, (1999:9).Mostrando ao psicólogo e ao professor que há muito mais talentos num aluno do que eles costumam admitir, esta concepção teórica pode contribuir para que o aluno seja visto de maneira mais favorável, uma vez que de maneira geral, cada um de nós apresenta uma ou mais dessas inteligências bem desenvolvidas. Lomônaco, (1999:9).

6. Conclusão 

Depois de várias abordagens chega-se a conclusão de que a Psicologia desempenha um papel extremamente importante para o avanço da educação, pois fornece ferramentas que possibilitama ocorrênciaeficaz e efectiva da aprendizagem. Auxilia os professores na planificação, selecção de recursos e conteúdos. Para a psicologia deve se planificar e elaborar os curricula tendo em conta o grupo alvo e ainda o nível de desenvolvimento dos alunos. Auxilia na compreensão das dificuldades de aprendizagens, desordens mentais e ainda os factores que favorecem ou inibem a aprendizagem. Varias abordagens teóricas no campo da Psicologia contribui para o entendimento efectivo da educação.As teorias da psicologia do desenvolvimento consideram o ser humano como um ser ativo, construtor de ideias, de sua história e da história humana. Ele seria o próprio construtor de seu desenvolvimento. Mas, desenvolver significa evoluir, ascender na escala natural. 

7. Bibliografia 

LOMÔNACO, José Fernando Bitencourt.Psicologia e Educação: Hoje e Amanhã.São volume 3. Edições campinas, Paulo, 1999.
TRAVALHA, Conceição Clarete Xavier. A Psicologia como Ferramenta do Professor: Aplicações em sala de aula. Belo Horizonte, 2011.
*Psicólogo

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