domingo, 23 de outubro de 2016

Influência da Ansiedade no Rendimento Académico

*Custódio Sumbane
·         Introdução

Esta pesquisa foi realizada com vista a dar resposta aos altos índices de reprovações que se tem vindo a observar nas escolas, principalmente, nas classes terminais. Se os resultados desta pesquisa forem aproveitados, da melhor maneira, podem responder as preocupações do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano no que concerne à situações desastrosas que assolam as Escolas nos tempos que correm. Constatamos que existem vários factores que influênciam a prevalência de altos índices de reprovações nas classes terminais, mas a ansiedade é um dos factores determinantes nesse processo. Ansiedade é vista como uma emoção caracterizada por sentimentos de antecipação de perigo, tensão, e sofrimento e por tendências de esquiva ou fuga. E face a Matemática é uma condição caracterizada por padrões de fuga e esquiva em situações que exigem o uso da matemática, bem como reacções fisiológicas desagradáveis, atribuições negativas à matemática e auto-atribuições negativas.

Nesse estudo, foram levantados os seguintes objectivos de pesquisa: Objectivo geral: (i) Compreender a influência que a Ansiedade exerce no Rendimento Académico dos alunos na disciplina de Matemática. E para a operacionalização deste objectivo, definiu-se os seguintes objectivos específicos: (i) Descrever as condições prévias da ansiedade; (ii) Descrever o rendimento académico dos alunos; (iii) Relacionar o nível de ansiedade e o rendimento académico.
Quanto a metodologia usada neste estudo, foi uma pesquisa quantitativa que visa, essencialmente, traduzir em números as opiniões e informações para serem classificadas e analisadas, e utilizam-se técnicas estatísticas. E a pesquisa qualitativa, descreve as informações obtidas que não podem ser quantificáveis. Em relação a apresentação, análise e interpretação de dados, recorreu-se a um programa estatístico, SPSS.

Contudo, este estudo é de extrema importância, pois vai, de certa forma, melhorar a situação actual da Educação e das reprovaçõees na displina de Matemática, visto que, tem se observado um surto de reprovações em massa nas escolas, principalmente,  nas classes terminais como a 10ª classe.
Palavras-chave: Ansiedade, Aprendizagem, Rendimento Académico, Matemática

·         A Ansiedade nas Sociedades Académicas Actuais

Ansiedade é uma emoção caracterizada por sentimentos de antecipação de perigo, tensão e sofrimento e por tendências de esquiva ou fuga. O medo poderia ser definido da mesma forma. Para distinguir os dois, precisamos observar outras potencialidades tais como o objecto de estudo. Enquanto na ansiedade as pessoas podem sentir-se ansiosas sem saber por quê, no medo o objecto é de fácil identificação, Davidoff, (2001: 390).
Segundo Davidoff, (2001:401), a ansiedade sinterfere no rendimento do aluno, principalmente na fase da realização das provas dificultando a capacidade de recuperação da informação aprendida. Isso ocorre porque a sua atenção está virada entre as exigências da tarefa e sentimentos de cobrança, diminuindo o nível de concentração e o desempenho em situações de avaliação. As reacções automáticas ou fisiológicas evocadas pela pressão ambiental ou estresse da avaliação e à percepção destas reacções que tomam conta dos alunos. Estas reacções para Cury, (2000:22), envolvem também sintomas psicossomáticos como taquicardia, suor excessivo, aumento da frequência respiratória. 

·         Relação da Ansiedade e Aprendizagem

A ansiedade tem efeitos de longo prazo sobre o processo de ensino e aprendizagem e no equilíbrio físico, psicológico e social. E das várias consequências, a cognitiva é uma delas (Davidoff, 2001: 401). Geralmente, um estudante com ansiedade face a Matemática tem dificuldades em se concentrar e resolver exercícios Matemáticos em casa e pode se mostrar agressivo ao ser colocado alguma questão relacionada com a Matemática. E nestas condições, o aluno ou estudante pode apresentar taquicardia ao realizar exames Matemáticos (Carmo, 2011), citado por (Carmo e Simiato, 2012:318). 
Estudos têm demonstrado que a ansiedade face aos testes tem efeitos extremamente fortes e os alunos com altos níveis de ansiedade perante os testes têm apresentado resultados demasiadamente baixos (Magalhães, 1999: 101). As reacções fisiológicas que se apresentam nessas ocasiões impedem o bom desempenho e a resolução de tarefas matemáticas, prejudicando nas tarefas que envolvem a ansiedade e as que poderão ser realizadas subsequentemente como testes, exames ou outras situações diárias.

·         Relação da Ansiedade e o Rendimento Académico

Na perspectiva de  Davidoff, (2001: 401), a ansiedade sinterfere no rendimento académico dos alunos, principalmente na fase da realização das provas dificultando a capacidade da recuperação da informação aprendida. Isso ocorre porque a sua atenção está virada entre as exigências da tarefa e sentimentos de cobrança, diminuindo o nível de concentração e o desempenho em situações de avaliação. As reacções automáticas ou fisiológicas evocadas pela pressão ambiental ou estresse da avaliação e à percepção destas reacções tomam conta dos alunos.

Neste sentido, a ansiedade face aos testes constitui uma enorme preocupação para toda a comunidade educativa, porque os estudantes, quando são submetidos a uma avaliação, tendem a reagir com altos níveis da ansiedade, comprometendo o seu desempenho académico (Bzuneck & Silva, 1989), citado por (Janeiro, 2013: 84).
Por sua vez, Lourenço (2012:161), defende a possibilidade de que, ambientes de avaliação de exames constituem, na maioria dos casos, um problema na vida dos estudantes na medida em que afecta o seu desempenho e tem consequências na sua vida pessoal e social. Os indivíduos que apresentam uma ansiedade elevada nos exames tendem a perceber as situações de avaliação como perigosas e consequentemente, enfrentam estas com medo e apreensão.

·         A Ansiedade e a Linguagem Matemática

Na perspectiva de Carmo, (2008), et al., citado por Carmo e Simiato, (2012:4), existe vários factores que influenciam no desencadeamento da ansiedade em relação à matemática, mas a forma como esta disciplina é leccionada influencia, consideravelmente, no surgimento da ansiedade. Os professores explicam a matéria superficialmente e não estimulam os alunos ao espírito de debate sobre a disciplina de Matemática muito menos mostram a sua relevância na prática diária. Eles reforçam respostas dadas com exactidão, sem considerar o raciocínio desenvolvido pelo aluno, cobram demais aos alunos ou exigem a rapidez na resolução dos exercícios e na memorização de regras para esse fim.

Factores que Influenciam o Surgimento da Ansiedade face a Matemática

Existem vários factores que influenciam, a estória da matemática, o ambiente da aula de aula, a atitude do professor, a motivação,  exigências exacerbadas, exigência de respostas exactas, experiências e aprendizagens anteriores, medo entre outros,  mas a ansiedade é um componente determinante nesse processo.

Constatações do Estudo

·         Os alunos assumem que o nervosismo, a tensão, o medo, a preocupação aumentam, de certa forma, a prevalência de altos índices de ansiedade no teste de Matemática. E grande parte de alunos assume que desconfiam de si próprios, das suas próprias capacidades e habilidades. Costumam pensar se as respostas que deram no teste foram as melhores e estes pensamentos perseguem-lhes durante algum tempo.

·         A ansiedade toma conta dos alunos antes e durante o processo da realização do teste de Matemática, o que dificulta o processo da recuperação de informação na memória. Esse posicionamento corrobora com o modelo de processamento de informação quando defende a possibilidade de que para se lembrarem de qualquer coisa, as pessoas precisam codificar, armazenar e recuperar a informação (Davidoff, 2001: 401). E a ansiedade altera a codificação e a recuperação de informação na memória.

·         Grande parte dos alunos, às vezes, fica perseguida com pensamentos negativos, e preocupados com a sua situação académica. Em detrimento disso, outra parte alega que sempre fica preocupada com o que pode acontecer com o seu rendimento académico e desconfiam das suas potencialidades. E segundo Janeiro (2013: 85), pode-se afirmar que, quanto mais negativa for a percepção que os alunos têm acerca de si próprios, mais elevados serão os níveis de ansiedade.

·         Existe uma relação dialéctica entre a ansiedade e a Matemática, visto que o rendimento académico dos alunos foi baixo, o que ilustrou, claramente, a prevalência de níveis de ansiedade. E frequentemente apresentam-se ansiosos antes e/ou durante a realização do teste de Matemática.

·         A desconfiança que os alunos têm de si próprios, das suas próprias capacidades e habilidades, o ambiente e os pensamentos negativos que lhes perseguem podem influenciar no desencadeamento de níveis altos de ansiedade e consequentemente o baixo rendimento académico. Um ambiente tenso acompanhado de estímulos negativos e pressão por parte do professor, pode também influenciar.

·         Estes resultados corroboram com a evidência empírica de Magalhães (1999: 101), quando defende que a ansiedade face aos testes têm efeitos extremamente fortes e os alunos com altos níveis de ansiedade tem apresentado resultados demasiadamente baixos. As reacções fisiológicas que se apresentam nessas ocasiões impedem o bom desempenho dos alunos e na resolução de tarefas matemáticas, prejudicando nas tarefas que envolvem a ansiedade e as que poderão ser realizadas subsequentemente como testes, exame ou outras situações diárias.

·         Sugestões

·         Quanto às estratégias de reversão de ansiedade, os professores deviam fazer perceber aos seus educandos que a disciplina de matemática é como qualquer outra e pode ser assimilada, da melhor forma possível, independentemente do índice de dificuldade e, ela tem uma extrema relevância no seu quotidiano. É preciso que se inverta a história da Matemática, visto que as pessoas têm a ideia de que a Matemática é difícil, ou seja, apresenta altos índices de dificuldades, tendo única fórmula e solução, dai que os alunos entram na sala de aula com ideias fixas, negativas, e imutáveis em relação a Matemática.
               
·         É necessário promover debates e interacção efectiva e afectiva na sala de aula por forma a facilitar a percepção de que existe vários caminhos para a materialização das operações matemáticas. É preciso remover todos os estímulos negativos e criar um ambiente favorável e estimulante para a ocorrência eficaz e efectiva do processo da assimilação e acomodação dos conteúdos matemáticos. Os professores deviam utilizar uma linguagem Matemática que equivale ao nível de desenvolvimento dos alunos, pois pode facilitar o processo de acomodação dos conteúdos leccionados.

·         E a evidência empírica aponta que, os professores não deviam na sala de aula: Pressionar os alunos para responder rápida e correctamente as questões propostas sobre a matéria; estimular competição entre colegas; aplicar muitos testes e humilhar os alunos que apresentarem algum tipo de dúvida sobre Matemática ou demorarem a entender o raciocínio exigido em determinado exercício Tobias (1978), citado por Carmo e Simionato, (2012:321-322). Ensinar não é simplesmente ditar os apontamentos mas saber formar alunos e exigir de si mesmo a presença efectiva e afectiva, pois se aprende também ouvindo, observando, admirando, imitando, confiando, criticando, apaixonando-se, conflituando, recriando e refazendo relações. Esse modelo é fundamental para os alunos ansiosos (Oliveira, 2008: 33).

·         Quanto aos alunos, deviam ir a sala de aula bem preparados e confiantes em si próprios e acima de tudo devem auto-regular a sua aprendizagem. Durante a realização do teste deviam elevar a sua auto-estima, auto-confiança e determinação, e manter, acima de tudo, um relaxamento corporal sempre que resolverem exercícios matemáticos.

·         Conclusão

A ansiedade altera a codificação e a recuperação de informação na memória. Entretanto, perante esta situação, chegamos a conclusão de que a preocupação, o medo, o nervosismo, a tensão e os sintomas psicossomáticos aumentam a prevalência de níveis de ansiedade antes e  durante o processo da realização do teste de matemática e dificulta a recuperação de informação na memória. Existem vários factores que influenciam, a estória da matemática, o ambiente da aula de aula, a atitude do professor, a motivação,  exigências exacerbadas, exigência de respostas exactas, experiências e aprendizagens anteriores, medo entre outros,  mas a ansiedade é um componente determinante nesse processo.  Sendo assim, é responsabilidade de todos os intervenientes sociais contribuirem para a mudança desta situação. E o psicólogo desempenha um papel demasiadamente fundamental na melhoria da situação actual da educação dado que apresenta um olhar clínico apurado para melhor lidar com qualquer situação académica e social evidar esforco para virar a história educacional. Ele procura optimizar e facilitar o processo de ensino e aprendizagem trabalhando os aspectos mentais, afecto-emocionais e sociais do aluno que influenciam na sua vida social e académica.

*Psicólogo

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